4 de fevereiro de 2011

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.

Dois elogios

1. O sentido de oportunidade revelado pela Al-Jazeera ao tornar-se a si própria protagonista da actual crise egípcia demonstra bem o que a estação qatari cresceu desde 1996, ano em que foi criada, e sobretudo desde 2001, ano a partir do qual mais desafios e oportunidades se lhe propuseram. Independentemente dos muitos elogios que se vão fazendo à sua prestação no Cairo, "A Ilha" não deixou de ter as limitações ideológicas que tinha, não deixou de ser palco das disputas políticas de que era e não deixou de cometer os erros que cometia. Mas soube aproveitar o momento. E, para além disso, arrisca bastante. Tanto quanto é possível prever, e apesar de as possibilidades não serem propriamente, por esta altura, de 50-50, a crise egípcia tanto pode fazer triunfar uma democracia "ocidentalizada", com tónica nos direitos humanos, como nova ditadura, esta de cariz teocrático (e sob a designação genérica de "revolução islâmica"). Em ambos os casos, e tornando--se assim protagonista do processo, a Al-Jazeera vai ganhar e perder. E ainda não é garantido que, no balanço final, os ganhos superem as perdas.


2. O rap dedicado a José Sócrates é mais um momento 16 valores para a galeria dos muitos momentos 16 valores de Rui Unas. O apresentador da SIC Radical nem sempre é genial, mas raramente desce abaixo do nível "bom", o que é quase sempre o principal segredo de um criativo de sucesso. Para além de tudo, a ideia que sempre fica é a de que o seu é o mais solitário e determinado dos percursos entre os melhores homens de televisão da sua geração.


Hei-de tornar a elogiá-lo. E a insistir em como a sua "marginalidade" é ao mesmo tempo um encanto e um desperdício.


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