Continuamos a dizer a milhares de miúdos que podem fazer carreira na música - e depois dá no que dá.
Posto o avanço da SIC para a terceira edição de Ídolos, a questão já nem é a de saber se resiste ou não alguma criatividade na televisão nacional. Na verdade, Ídolos continua a ser um êxito em inúmeras estações um pouco por todo o mundo, incluindo em países com TV melhor do que a nossa. Só que, depois de tantos anos de Chuva de Estrelas (também na SIC) e de outros tantos de Operação Triunfo (RTP), para já não referir exemplos menores espalhados pelos anos e pelos diferentes canais, continuam a aparecer 600, 700, 800 candidatos a cada sessão de casting para concursos deste género. E esses números têm significado. Ainda há dias, ao longo de um daqueles dias de missão à day time TV, contei mais de 20 cantores brejeiros (ditos "pimba", de resto não sem alguma propriedade) só entre a RTP e a SIC, incluídas ambas as edições dos respectivos programas de Verão. Passaram por lá Quim Barreiros, Ana Malhoa e Micaela, que eu já conhecia - mas entretanto passaram por lá uma série de outros Tó Manéis e Anitas e Marianas e Chiquitas de que eu nunca sequer tinha ouvido falar. Inevitavelmente, perguntei-me: "Mas como é que nós conseguimos produzir tanto cantor?" A resposta, aparentemente, está aqui: continuamos a dizer a milhares e milhares de miúdos que podem fazer carreira na música - e depois dá no que dá. Entretanto, porém, e tendo Portugal apenas dez milhões de pessoas, ainda haverá alguém que não tenha ido cantar à televisão?