Começaram ontem finalmente as galas em directo do Portugal Tem Talento, de forma a apurar os concorrentes para a grande final (que aguardo com entusiasmo).
Mantendo-se fiel aos moldes britânicos, o programa decorreu de forma bastante fluida. Dou os meus parabéns à produção pelo excelente trabalho de montagem e de encenação. Confesso, ainda nos aspectos técnicos, que o tamanho do palco não me surpreendeu. Esperava algo mais grandioso e que desse mais espaço às actuações para se movimentarem. Contudo, não acho que alguma tenha sofrido com esse problema. Mas debruçando-nos sobre o que realmente interessa, os concorrentes, tenho alguns comentários a fazer.
A abrir o programa, um Yoann claramente à vontade fez as delícias do público e do júri. Apesar de na minha opinião não ter acrescentado muito à sua primeira audição (o que se percebe, dado ser uma criança), os adereços adocicaram a performance. O seu à vontade deixou Conceição Lino “esmagada”.
Tiago Ribeiro provou mais uma vez que mereceu a passagem à semi-final, ao interpretar um tema de Andrea Bocelli. Apesar de um início pouco confiante, o soldador foi-se soltando e conseguiu emocionar Conceição.
Num registo diferente, apareceu André Martins, vestido de bailarina, o que imediatamente me fez lembrar o filme Cisne Negro. A sua ousadia e imprevisibilidade podem não ter sido suficientes para impressionar o júri, mas de certo surpreenderam tanto o público em casa como no estúdio.
Os Boneless eram, para mim, os que deviam ter passado, juntamente com o Tiago Ribeiro. O número mostrava uma proeza incrível, um brilhantismo de movimentos audazes e uma atmosfera artística única. O drama da música estava perfeitamente articulado com a coreografia. O talento, no seu melhor.
Uma Ana Rita sempre sorridente seguiu-se, embora não me tenha cativado. De alguma forma previa que fosse aquela a escolha da música (Chamar a Música). Foi tudo muito seguro, não arriscou. A sua atitude valeu-lhe o comentário/conselho de Ricardo Pais, que a alertou para o excesso de confiança.
Filipe Santos entrou e fez o que melhor sabe fazer: beatbox. Espero que ele entenda que tem que sobressair, precisa de uma grande dose de criatividade, dado que o seu número é bastante específico e à primeira vista, pouco moldável. Soube, na minha opinião, dar a volta por cima, conquistando o público e o júri. Não gostei de ver (não tem a ver com o Filipe) na sua actuação os mesmos adereços usados no Ídolos nas bailarinas. Foi um detalhe que não me escapou.
O pequeno transmontano David provou que os homens não se medem aos palmos e o seu ouvido apurado e a concertina valeram-lhe aplausos e elogios. Mais uma vez Ricardo, o mais experiente da área do espectáculo, sugeriu que David tivesse aulas e aprendesse de facto, a arte, em vez de ser auto-didacta.
As minhas expectativas para os Jukebox saíram um pouco goradas, talvez pela dificuldade em perceber o número. A dualidade de intervenientes, separados, não permitiu captar a essência da actuação. A execução técnica foi boa, embora também pudesse ter sido mais comedida em alguns aspectos.
Como era de esperar, dos oito números participantes nesta semi-final, destacaram-se os mais pequenos (Ana Rita, Yoann e David) e os mais ‘alternativos’, como os Boneless, Tiago Ribeiro e Filipe Santos.
Os meus favoritos foram o Tiago e os Boneless, como já referi, por isso não posso dizer que estou insatisfeito com as duas actuações que passaram. O Filipe tem um talento natural que, com a dose certa de criatividade, pode chegar a brilhar na final.
Que venha o próximo programa e que mostre que Portugal Tem Talento!