Seja bem-vindo à segunda parte desta penúltima noite de "Os Escolhidos". Fique agora com as opiniões de Rúben Baía e Inês Moreira Santos que irão debater a TVI e a RTP1, respectivamente.
Rúben Baía - TVI
Polémicas com audiências à parte, é uma certeza que a TVI é a líder de audiências da televisão portuguesa. Apesar de esta “batalha” estar cada vez mais competitiva, o certo é que por Queluz de Baixo ainda há motivos para sorrir.
Existem vários factores que ajudam a que seja a TVI a líder. Desde a excelente panóplia de actores que conseguem sempre brilhar num dos produtos mais fortes da estação, a algo que, quanto a mim é muito curioso: a maneira como os responsáveis do canal conseguiram modificar alguns programas e a imagem de algumas pessoas como é o caso do Você na TV. Antigamente, ouvia-se "o programa do Goucha é só desgraças" e, hoje em dia, desde os mais novos, aos mais velhos, ninguém fica indiferente à dupla das manhãs.
A meu ver é, precisamente, a qualidade dos seus formatos de day-time que conseguem impulsionar a liderança do canal à noite, ajudando as telenovelas a serem os produtos mais vistos da televisão portuguesa. E há um segredo para tudo isto. Ao contrário da concorrência que aposta em “muita quantidade” (por diversas vezes), a TVI, com três grandes nomes do audiovisual português consegue fazer melhor. E isso, é claramente de louvar.
Mas, embora seja líder, há muitos pontos a melhorar. Desde o facto de ainda não conseguir manter os bons resultados da semana ao sábado e domingo, a alguma falta de comunicação com o público através de redes sociais, por exemplo. Algo que, na actualidade, é bastante importante.
Quanto a mim, há um grande problema também no que à selecção de filmes diz respeito. Infelizmente, a TVI consegue ter o melhor e o pior da sétima arte, que é como quem diz, tem produções de alta qualidade e outras menos boas. E, esporadicamente, a gestão que é feita não é das melhores. O mesmo se passa com as séries, que, apesar de terem grande qualidade e aceitação por parte do público, não são nem comunicadas, nem transmitidas a horas próprias. Se o exemplo do que a SIC faz com “Entre vidas” ao Sábado fosse seguido pela TVI com “House”, de certeza que obteria melhores resultados.
Todavia, com o “sangue novo” de André Cerqueira, e com a rentrée que se aproxima, acredito que a liderança de Queluz de Baixo seja ainda mais assinalada. Fátima Lopes e Secret Story prometem ajudar. Ah, e Malmequer, com o génio de Rui Vilhena, com certeza, que fará “boom” na ficção nacional!
Inês Moreira Santos - RTP1
Um canal com muita história, a mesma da própria televisão. É assim a RTP 1. Foi no primeiro canal que tudo começou, em 1957. Os primeiros programas, os primeiros grandes nomes da comunicação. Os mais velhos relembram com saudade programas como "Zip Zip", "A visita da Cornélia" ou "Um, Dois, Três", por exemplo, e os mais jovens, como eu, recordam-se de ouvir falar nestes êxitos da época. Nomes como Fialho Gouveia, Raúl Solnado e Henrique Mendes, eternizaram-se nesta estação.
As primeiras novelas portuguesas foram aqui transmitidas: "Vila Faia", "Origens" ou "Chuva na Areia" são marcos do canal. Também a transmissão de produções brasileiras teve aqui início. Ainda me recordo de "Gabriela" (a minha mãe fala dela tantas vezes), "Pedra sobre Pedra" ou "Fera Ferida".
Com o início das emissões da RTP2, o primeiro canal não foi afectado já que a 2 só o vinha complementar. Contudo, tudo começou a mudar com a chegada das independentes SIC e TVI. O público deparou-se então com uma oferta diferente e mais vasta, e a RTP deixou de ser líder. Depois de alguns anos de baixas audiências, eis que a RTP tem conseguido novamente bons resultados, grande parte das vezes alcançando a vice-liderança, deixando para trás a SIC, que não está na sua melhor fase.
Todavia, um canal como a RTP 1, deve tentar sempre melhorar, para poder cumprir ao máximo o seu dever de prestar serviço público aos telespectadores. Actualmente, a grelha de programas do canal distingue-se pela sua variedade, pelos muito bons formatos que apresenta e pelo excelente leque de apresentadores e jornalistas.
Concursos como "Quem quer ser Milionário - Alta Pressão", "O Cubo", e outros do género (como "Um contra todos" ou o mais antigo "Elo mais fraco") são raros na concorrência, mas a RTP 1 tem sempre apostado neles e, na minha opinião, faz muito bem. São programas que o público gosta de ver e mesmo de jogar em casa. Também o grande leque de boas séries estrangeiras que o canal transmite ou transmitiu, como "Alerta Cobra", "Os Diarios do Vampiro", "Perdidos" ou "Sangue Fresco", é outro dos pontos fortes do canal, hoje em dia. A estas estão ainda aliadas as boas séries nacionais como "Regresso a Sizalinda", "Conta-me como foi", "Pai à Força", e, futuramente, "Maternidade", sempre com um elenco de luxo.
O Top +, programa já com muitos anos, tem-se actualizado e continua a ser, a meu ver, um bem precioso, num país onde escasseiam programas dedicados à música ou à cultura. E essa é uma área onde acho que se poderia fazer um pouco mais no primeiro canal da televisão pública, apesar de existir a RTP 2 de cariz cultural.
Projecto Moda não foi, na minha opinião, uma boa aposta. Nayma é uma óptima modelo, mas péssima apresentadora e o programa não está a cativar como devia. Resta-nos esperar que a Operação Triunfo, um formato que julgo adequado para o canal, venha compensar o fracasso da versão portuguesa do "Project Runway". Tudo porque também os apresentadores podem fazer a diferença. Jorge Gabriel, João Baião, José Carlos Malato, Fernando Mendes, Catarina Furtado, Sílvia Alberto, Tânia Ribas de Oliveira, Sónia Araújo, Serenella Andrade ou Júlio Isidro, são caras RTP que tem já mais do que provas dadas do seu valor.
Talvez se devesse apostar mais no público infantil, principalmente aos fins-de-semana. Os programas para os mais novos no primeiro canal são transmitidos demasiado cedo (entre as 6h30 e as 8h00) e são semelhantes aos da RTP2 (que, pelo menos de segunda a sexta, dá grande atenção às crianças). Ocupar as manhãs de Sábado e Domingo com um programa como a saudosa Rua Sésamo agradaria decerto a pais e filhos. Já no que toca a novelas, hoje em dia, deixaram de ser uma aposta da estação. No entanto, não me parece algo que seja necessário. A TVI e a SIC já cumprem muito bem esse papel.
Apesar de haver sempre reparos a fazer (e ainda bem que existe o provedor do telespectador), para mim, a RTP 1 tem uma das melhores grelhas da actualidade nacional. Espero que assim continue e que a reentrée traga mais bons programas que façam valer os 53 anos de história da televisão portuguesa.
Já sabe, continue a votar no seu escolhido. Até à próxima sexta-feira tudo pode acontecer, altura em que se ficará a conhecer qual o preferido dos leitores do Televisão-Opinião e TV Universo!