Os últimos tempos foram marcados por duas polémicas em programas de que gosto particularmente, no Ídolos, com o episódio Moura dos Santos-Anjos, e dias antes, a rábula que meteu Manuel Luís Goucha no 5 para a Meia- Noite. Remetamos o caso do Ídolos à importância que tem: uma polémica tonta, que provocou reacção natural dos músicos visados, mas que se deve analisar apenas à luz do que é o programa. A polémica nasceu no domingo e morreu segunda-feira. Ponto final.
Mais grave, é a história do 5 para a Meia Noite, programa que já aqui elogiei. Mas, desta vez, a coisa é absurda, mesmo na lógica do humor em que se insere a coqueluche da RTP2. Integrar o nome do apresentador da TVI, que assumiu o seu companheiro de vida em 2009, no lote da "Apresentadora do ano", numa simulação do concurso Quem Quer ser Milionário, é apenas uma provocação de mau gosto. Aceitar a opção Goucha como a "resposta correcta" é uma indignidade. Porque é uma falta de respeito, por muito que os autores da piada e a mulher que lhe deu voz, Filomena Cautela, digam que foi apenas uma brincadeirinha. É mais do que isso. Além de falta de respeito, é um mau serviço que se presta a um país ainda preconceituoso e que não se confina à urbanidade lisboeta, feita por um canal da televisão pública, paga com dinheiro do Estado. O serviço público não se mede só nas palavras. Mede-se nas pequenas coisas. A grandeza dos homens (heterossexuais, homossexuais assumidos, homossexuais não assumidos, ou homossexuais encapotados que se casam com mulheres mas fazem sexo com homens) também.