No quarto mês do ano, o mundo televisivo não parou, obviamente. Na RTP1 estreava O Cubo, um arrojado e inovador concurso de perícia, apresentado por Jorge Gabriel, que mesmo assim, desiludiu nas audiências. Na SIC, era chegada a vez de João Manzarra ser lançado novamente para um talent-show. Desta vez a solo, nas noites de domingo, à frente do Achas Que Sabes Dançar?.
Mas foi a estação de Queluz de Baixo aquela que mais surpreendeu, em Abril do último ano. Foi no dia 19 deste preciso mês que, para surpresa de muitos, André Cerqueira tomou posse enquanto director de programas da TVI. Por isso mesmo, é ele o protagonista do mês de Abril.
André Cerqueira
Desde a saída de José Eduardo Moniz, no Verão de 2009, que a TVI se sentia um pouco órfã no que toca à sua chefia. Depois de dez anos debaixo da famosa era Moniz, caracterizada pela centralização daquele homem, enquanto principal figura daquela empresa, o súbito e repentino desaparecimento desta mesma figura ofereceu de bandeja essa tal orfandade à estação líder. Talvez por isso, a direcção de programas e a direcção-geral, tomadas por Luís Cunha Velho e Bernardo Bairrão, respectivamente, eram, até Abril deste ano, assumidamente vistas como provisórias.
A ascensão de André Cerqueira ao cargo mais importante de Queluz foi assim, e de certa forma, a verdadeira e a real sucessão de José Eduardo Moniz.
Chegou à Plural em 2005, depois de largos anos de trabalho naquela que é a escola da ficção televisiva, a TV Globo. Quer no Brasil, quer em Portugal, André Cerqueira esteve intimamente ligado à área da produção de telenovelas, enquanto realizador, coordenador ou até director de produção.
E depois de todos estes anos em torno da bem oleada máquina de fazer novelas da TVI, a escolha tomada por parte da administração daquela estação ao convidar André Cerqueira para ser o próximo director de programas, foi algo minimamente surpreendente.
Foram os ensinamentos frutos da estreita relação de trabalho que cultivou com José Eduardo Moniz que lhe permitiram, aquando da sua chegada à direcção de programas, afirmar que iria ter “o maior respeito para com o público” e tentar inovar sempre não dando como garantido o lugar de número um da estação.
E, de facto, a estada de André Cerqueira na TVI foi algo de diferente e, no entanto, positiva para a própria estação. Cerqueira fez, em Queluz, cortes essenciais e abanões necessários: chefiou as negociações para a contratação de Fátima Lopes; terminou em definitivo com um concurso que se arrastava há anos na grelha, o Quem Quer Ganha; trouxe o tão ambicionado reality-show de regresso aos ecrãs na reentre televisiva; etc.
Acabou por abandonar o cargo há algumas semanas atrás e da mesma forma com que chegou até ele, rapidamente. E aquele que era visto até então como o verdadeiro sucessor de Moniz, acabou por ser apenas mais uma página escrita no percurso desta empresa que, ao que tudo indica, irá sofrer mais algumas importantes transformações no próximo ano.
Mesmo assim, André Cerqueira marcou indiscutivelmente o 2010 televisivo nacional.