Mar de Paixão tem ainda outra benesse: a cidade de Setúbal. Gosto muito desta terra e há muito que ambicionava que uma história fosse por lá gravada. Com a magnífica serra da Arrábida, ou o tranquilizante rio Sado, todo o ambiente ajuda os portugueses a entrarem neste mar.
Destaco a excelente interpretação do par protagonista, que dão uma lição de representação, bem como a cada vez melhor Helena Laureano e o playboy Jorge Corrula. Seria também injusto não falar na grande Eunice Muñoz, que continua a fazer melhor que ninguém aquilo que só ela sabe. Todavia, podia falar de todos os outros actores. Na minha opinião, e tenho acompanhado a trama com alguma regularidade, ainda não vi nenhum que estivesse mal. Até José Carlos Pereira me parece mais natural, do que por exemplo em Sentimentos.
Mas não são só os actores que fazem uma telenovela. É também de extrema importância o argumento, a história, a acção. Mar de Paixão vai de encontro àquilo que os portugueses ambicionam. E aqui o mérito é em grande parte para Patrícia Müller, que conseguiu criar uma trama que não é totalmente urbana, nem totalmente rural, eu diria mesmo que está no cruzamento destes dois estilos. A vida dos homens do mar, as dificuldades por que passam os pescadores, o dia-a-dia numa empresa de construção e ainda a amizade de uma jovem com um golfinho, entre outras histórias paralelas, captam a atenção dos telespectadores, que têm manifestado uma boa aceitação. Basta olhar para os resultados audiométricos. Emitida logo após o Jornal Nacional, Mar de Paixão está sempre em “cima”, como já vem sendo hábito em qualquer produção com a marca da TVI.
Outra situação não seria de esperar. Afinal de contas, é neste mar que os portugueses se deixam e querem deixar apaixonar.
Ao contrário de Mar de Paixão, cujos protagonistas não têm, por assim dizer, tanto renome, Meu Amor tem autêntico elenco de luxo. Se por um lado temos Alexandra Lencastre, por outro, temos Margarida Marinho. Duas "feras" da ficção nacional, e mais propriamente, da TVI. Não esquecendo igualmente a angelical Rita Pereira, que após Morangos com Açúcar, se tornou uma autêntica estrela da estação de Queluz de Baixo.
Com apenas estas três actrizes, poucos foram aqueles que não ficaram indiferentes à nova novela da TVI. No entanto, ao saber-se que Paulo Pires, José Wallenstein, Marco D'Almeida, Márcia Breia, Manuel Cavaco e Nicolau Breyner partipariam em Meu Amor, ninguém duvidava, na altura, do sucesso da novela.
De facto, os resultados não ficaram abaixo das expectativas. 16,5% de rating e 40,5% de share, foram as audiências que ela obteve no primeiro episódio. Em relação a outras produções, a estreia poderá não ter sido brilhante, mas, tendo em conta a concorrência, este foi sem dúvida um bom resultado.
Foi partir da história de amor clandestina entre Mel e Bernardo que tudo começou O rapaz é filho do dono da herdade onde ela trabalha. Uma vez que o casal não iria de todo ser aceite pelos seus progenitores, ambos decidiram fugir para a Holanda. No entanto, e nesse dia, esses planos foram descobertos. Bernardo foi obrigado a ir com o pai para o estrangeiro, e Mel foi expulsa da herdade. Este foi o ponto de partida para uma história forte, onde a vingança, o amor, a traição, a cobardia, a malvadez, a amizade, a beleza e a tragédia coexistem.
Escrita por António Barreira, Meu Amor tem demonstrado estar à altura. Se tivermos em conta que a novela vai para o ar mais tarde que Mar de Paixão, torna-se bastante positivo quando reparamos que nalguns dias consegue ser mais vista que a ficção das 21:00.
Apesar de desde há muito tempo não me considerar um seguidor de novelas, é óbvio que sei reconhecer que as da TVI têm um maior poder sobre os portugueses. Meu Amor é um exemplo disso, Mar de Paixão também.. E contra isso, não há argumentos! Ambas estão de parabéns!
Iniciado um novo Frente a Frente, damos por encerrado o anterior. Neste sentido, aqui fica o resultado da enquete que opunha as opiniões Pedro Teixeira/Pedro Granger:
Pedro Teixeira, por Diogo Santos - 51%
Pedro Granger, por Tiago Henriques - 49%