Quando, em 2002 a RTP decidiu reformular O Preço Certo e revelou o nome do substituto de Jorge Gabriel, muita gente pensou que fosse o fim do programa. Afinal de contas, o actor, apesar de ter diversas provas dadas de grande comediante, ainda não tinha tido nenhum grande projecto em apresentação. Hoje, quase dez anos após esta mudança, pode dizer-se que a aposta da RTP foi a mais certeira possível.
Apesar de os resultados dos últimos dias não serem iguais aos de outros tempos, o programa de fim de tarde da RTP foi líder incontestável durante muito tempo. Mérito de quem? De uma excelente equipa de produção, da Freemantle, mas o maior reconhecimento tem que ser de Fernando Mendes. Ele é a alma do programa. Sem ele, O Preço Certo não era a mesma coisa. Sendo este um programa mais direccionado para um público mais idoso, há que criar empatia com um público tão específico. E O Gordo faz isso como ninguém.
No meu entender, não há ninguém que não goste de Fernando Mendes. Dentro do excelente profissional que é, o humorista consegue ser uma pessoa igual a quem está lá em casa. Ele ri, faz palhaçadas, entra “no jogo” e consegue ir ao encontro daquilo que lhe é pedido: simplicidade. Sem tiques de vedeta, mas com um pensamento sempre nos telespectadores e em quem está em estúdio, O Gordo é igual a si mesmo. Penso que o facto de ter alcançado todo este carinho do público lhe faz muito bem. É uma alegria para todos nós ver a forma como conduz O Preço Certo.
No entanto, ele também é actor, humorista e eu, que já tive oportunidade de ver um espectáculo seu ao vivo, devo confessar que foi,
efectivamente, um espectáculo! Nada do que faz parece encenado e é isso que é pedido a um actor: espontaneidade. Recordo me, inclusivamente de o meu pai me dizer: “este homem sabe mesmo o que faz”. Não poderia concordar mais. Penso que é isso que o ajuda a ter o sucesso que tem hoje: inteligência para conseguir conciliar tudo e nunca entrar em “desgaste”.
Profissionais como Fernando Mendes são uma mais-valia para qualquer estação e deverá ter sido esse o pensamento da SIC, quando, há uns tempos tentou trazê-lo para os lados de Carnaxide. O apresentador optou pela continuidade na RTP e fez, no meu entender, o melhor. É na estação pública que está o seu público e é lá que ele é feliz.
Por tudo isto e, especificamente pelos seus já trinta anos de carreira, há que dar-lhes os meus sinceros parabéns e desejar que “venham mais trinta”!
Nuno Graciano ou o "tio careca"? São a mesma pessoa, mas demonstram empatias diferentes para com os telespectadores. Quando um individuo se apresenta a outro, é costume dizer o seu nome e, por vezes, a alcunha pela qual os amigos o tratam. É o caso de Nuno Graciano. As duas "denominações" deste profissional apenas vão de encontro à postura do apresentador. Em alturas sérias é chamado pelo seu nome, e noutras alturas é referenciado como o "tio careca".
Esta não é, sem dúvida, a melhor maneira de começar a minha parte do Frente a Frente mas, no fundo, durante muitos anos considerei confuso o percurso profissional de Nuno Graciano. Resumidamente foi saltitando de canal em canal, até chegar ao posto de hoje.
Desde sempre, este apresentador foi convidado a participar em programas de apanhados. Flagrante Delírio, Não há Crise, e mais recentemente Tás aqui, Tás apanhado. Durante o seu percurso profissional teve outros projectos, sendo que aquele que mais se destacou, e com o qual criou a empatia que hoje tem com muitos portugueses, foi o extinto Contacto. SIC ao Vivo foi também outro exemplo deste facto, uma vez que, a maior parte dos programas com melhor audiência foram aqueles cuja apresentação esteve a cargo de Merche Romero e Nuno Graciano.
Sinceramente, durante muito tempo não achei piada a Nuno Graciano, pois considerava que ele não detinha o talento para comunicar. No entanto, e provavelmente pelo trabalho que foi desenvolvendo, e pelos projectos que lhe foram chegando às mãos, considero-o hoje um dos homens fortes da estação de Carnaxide. Não, não é um Manuel Luís Goucha, nem um João Baião, mas tem conseguido provar à SIC que pode ser uma arma bastante valiosa para o terceiro canal. Mesmo a Tempo é apenas uma prova desta consideração. Goste-se ou não do concurso, a verdade é que Nuno Graciano apresenta-o com uma perna às costas, com uma alegria estampada na cara, e com uma vontade enorme de falar para os portugueses.
E é por isso que o "tio careca" pode estar em todo o lado, leia-se apagar todos os fogos em Carnaxide. Ele tem capacidades para estar no Companhia das Manhãs, no Vida Nova, para fazer uma "perninha" de actor numa das produção de Carnaxide, co-apresentar um magazine, ficar à frente de Achas Que Sabes Dançar, Ídolos, entre tantos outros projectos. A questão aqui não é se Nuno Graciano é a pessoa mais indicada para estar à frente de todos os programas que enunciei, se é aquele que mais se adequa a eles atendendo ao público-alvo de um projecto. Não, o que importa aqui é que ele é uma solução. E nos tempos que correm isso é muito importante. Parabéns Nuno!
Passione, por Diogo Santos - 39%