23 de dezembro de 2010

Fecho

Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.

Alinhados por baixo

Tenho zurzido na qualidade global dos actores que pulam pela ficção portuguesa (ou, mais concretamente, na direcção de actores em vigor na ficção portuguesa), mas é justo reconhecer que, hoje em dia, já não é habitual fazer-se muito melhor no Brasil. Apesar da actual escassez de ficção brasileira existente entre nós, as provas disso têm sido frequentes.


Basta olhar, por exemplo, para Negócio da China (SIC). Embora se trate de uma telenovela de qualidade especialmente baixa para a bitola brasileira, nenhum dos seus actores portugueses destoa. Há constrangimentos nas actuações, claro - e o menor deles não é seguramente ver Ricardo Pereira a falar brasileiro. Mas o facto é que Ricardo Pereira não vai pior do que Fábio Assunção, Maria Vieira não perde em nada para Cláudia Jimenez, Joaquim Monchique não fica atrás de Oscar Magrini e Carla Andrino nem por isso se bate mal com Xuxa Lopes.


Mérito da direcção de actores da Globo, que extrai o melhor deles? Em parte, talvez. Mas demérito também da renovação de gerações que tem vindo a ser promovida entre os actores brasileiros de telenovela. Falecidos ou reformados os grandes monstros da TV do Brasil, aqueles que hoje fazem de tios e avós são, salvo excepções, os mais canastrões dos tempos áureos da ficção brasileira. Já os mais jovens parecem escolhidos exactamente como o são aqui: pela sua beleza física apenas.


Por um lado, é um gosto: há jovens actrizes brasileiras verdadeiramente bonitas. Mas isso também nós temos. E, em todo o caso, vai-se perdendo a dimensão "étnica" dos elencos. É impressão minha ou muitas daquelas raparigas são tão americanas como as actrizes de Hollywood?


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