18 de junho de 2010

Até sempre, José Saramago!


Despediu-se hoje, com 87 anos de idade, aquele que é considerado por muitos como um dos melhores escritores portugueses. José Saramago faleceu por volta das 11h45, na localidade de Lanzarote, em Espanha, onde vivia há vários anos.


Com uma vasta colecção de livros editados, entre os quais se destacam Memorial do Convento ou Ensaio Sobre a Cegueira, o escritor foi o primeiro português distinguido com o Prémio Nobel da Literatura, no ano de 1998. A sua última obra foi Caim, que provocou muita polémica, no ano passado.


Com um cancro há já vários meses, José Saramago encontrava-se em estado "estacionário", mas a doença acabou por levar a melhor.


Hoje, 18 de Junho de 2010, O país está de luto e despede-se de um dos homens que levou o seu nome pelo mundo fora.


Até sempre, José Saramago!

Um comentário:

Anônimo disse...

Recado para João Besuga Alentejano
Extra, 8 de Setembro de 1977

Se o tempo não fosse isto que é, talvez em lugar de recado te escre- vesse uma carta aberta. Era o que dantes se usava, um fingimento de tratar assuntos privados na praça pública, quando pelo contrário, nem eram privados
os assuntos nem mais o eram os destinatários do que a pequena conta já de antemão conhecida. Agora, a carta aberta é outra coisa, usa maiúsculas e vai à mesa do rei, quero eu
dizer que vai aos gabinetes
dos ministros sempre aberta e,
salvo seja, cada vez mais des -
composta. Vê lá se eu ia cair
em confusões, pôr um título,
por exemplo,Carta Aberta para
“João Besuga”, como se tu tal
carta quisesses ou eu me
atrevesse a supô-lo.

Mais certo era ter eu perdido
o juízo do que tu teres mudado
em tuas opiniões.

Por estes motivos é que o re -
cado é recado mesmo, como
em português se diz e se usa
comunicar entre amigos.
Amigos somos, João Besuga,
amigos de uma amizade que
certa gente em Portugal tudo
fez para que não existisse nunca: a amizade que, com
uma simplicidade que a essa mesma gente tira o sono, liga o inte -
lectual e o trabalhador, o escritor que em Lisboa vive e o operário agrícola nascido e criado e amargado no Alentejo, o eu que nós somos aqui, o tu multiplicado em rostos de homens e de mulheres, firmeza vossa e nossa aprendizagem.

Durante quase dois meses me sentei à tua mesa, comi do que tu comias, o pão e a azeitona, o peixe do rio, o porco, a açorda e as migas.
até sempre.....