Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.
No país do "achómetro"
Os fóruns de discussão na Internet davam um tratado sociológico. Desde terça-feira de ma- nhã, quando se soube que a novela Meu Amor ganhou um Emmy Internacional, os portugueses ensaiam o crítico de televisão que têm dentro deles. Em Portugal, toda a gente tem opinião. É, aliás, neste país que ouvimos qualquer vox populi começar com a expressão "eu não percebo nada de política, mas acho que..."
Estamos, pois, no país do achómetro. Toda a gente acha. Acha que sim, acha que não. Acha que talvez. No caso em apreço, acha-se de tudo. Acha-se que a novela é boa, acha-se que a novela é má, acha-se que o prémio, o primeiro na história da televisão portuguesa, é uma honra, acha-se que o galardão vale tanto como uma folha de jornal onde se embrulham as castanhas assadas.
Todas as opiniões são legítimas, desde que fundamentadas. Mas, depois, neste rei- no da democracia que é a In- ternet, onde se escreve de tu- do sem o mínimo respeito, decoro ou vergonha, lêem-se pérolas como estas: "eu nun- ca vi a novela, mas deve ser o esterco habitual que abunda na TVI" ou "num país onde há tanta gente a morrer de fome, vão aquelas p... gastar dinheiro para Nova Iorque".
Eu sei que em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão. Eu sei que a falta de dinheiro e a cri- se potenciam o lado mais animal que há em nós, embora a ignorância e a maldicência não tenham estatuto socio-económico e sejam transversais à sociedade.
Eu não fui um seguidor de Meu Amor, não consigo dizer se era ou não uma boa novela. Sei que tinha grandes actores, sei que foi premiada com um Emmy, que não é propriamente o Troféu Recreativo da Amareleja de Cima. E mesmo que fosse. Mania, esta, de invejar os feitos dos outros...
Estamos, pois, no país do achómetro. Toda a gente acha. Acha que sim, acha que não. Acha que talvez. No caso em apreço, acha-se de tudo. Acha-se que a novela é boa, acha-se que a novela é má, acha-se que o prémio, o primeiro na história da televisão portuguesa, é uma honra, acha-se que o galardão vale tanto como uma folha de jornal onde se embrulham as castanhas assadas.
Todas as opiniões são legítimas, desde que fundamentadas. Mas, depois, neste rei- no da democracia que é a In- ternet, onde se escreve de tu- do sem o mínimo respeito, decoro ou vergonha, lêem-se pérolas como estas: "eu nun- ca vi a novela, mas deve ser o esterco habitual que abunda na TVI" ou "num país onde há tanta gente a morrer de fome, vão aquelas p... gastar dinheiro para Nova Iorque".
Eu sei que em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão. Eu sei que a falta de dinheiro e a cri- se potenciam o lado mais animal que há em nós, embora a ignorância e a maldicência não tenham estatuto socio-económico e sejam transversais à sociedade.
Eu não fui um seguidor de Meu Amor, não consigo dizer se era ou não uma boa novela. Sei que tinha grandes actores, sei que foi premiada com um Emmy, que não é propriamente o Troféu Recreativo da Amareleja de Cima. E mesmo que fosse. Mania, esta, de invejar os feitos dos outros...
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