Fecho

Boa noite. O Fecho de hoje incluí mais uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.

Júlia, outra vez...

Há dois dias alertei para a necessidade de resistir às leituras apressadas das audiências do novo programa de Júlia Pinheiro. Mas, à hora que escrevo estas linhas, já li comentários de gente da televisão que parece perceber pouco da poda. No primeiro dia, Querida Júlia consegiu bater Praça da Alegria, mas perdeu para Você na TV! De acordo com a Marktest, registou um interessante share de 27%. Ao segundo dia, porém, caiu para 20% e "perdeu" 80 mil espectadores. Ou seja, passada a estreia, que, naturalmente, cria ansiedade e curiosidade, os espectadores das manhãs, mais velhos e mais conservadores, voltaram às suas rotinas diárias, aos seus gostos antigos.

A televisão, disse-o nessa crónica e repito-o agora, é uma corrida de fundo, é uma simbiose entre a competência comunicacional de quem a faz e a capacidade de criar laços de afectividade com quem a vê. É isso que Jorge Gabriel, Sónia Araújo, Cristina Ferreira e Manuel Luís Goucha fazem há muitos anos naquele horário.

Não há razão para mudar, por enquanto. Aos poucos, os espectadores vão 'picar' a SIC, vão habituar-se a ver Júlia Pinheiro naquele horário e, de novo, naquele canal.

Quando agarrou as tardes da TVI, em 2007, Júlia Pinheiro tinha Fátima Lopes como opositora na SIC. Fátima era líder do horário vespertino, era a melhor e a mais popular. Só ao final de um ano é que As Tardes da Júlia ultrapassaram na média acumulada Fátima.

Aos espectadores e leigos na matéria permite-se tudo. Até o pensar que Júlia chegaria, via e vencia.Mas quem trabalha em televisão e quem escreve nos media sobre a indústria tem obrigação de perceber os ciclos longos que a movem. Mantenho o que escrevi: Júlia vai acabar por ganhar. Mas até lá vai ter de voltar a provar que é a melhor. Dia após dia.