Nuno Santos não vai ter tarefa fácil na RTP. Primeiro, porque vai ter de enfrentar uma empresa dividida quanto à sua contratação. Trabalhadores e pelo menos um administrador estão contra o seu regresso, aparentemente não pela pessoa em si, mas porque consideram que, no actual estado de coisas, a RTP deveria aproveitar uma solução interna, em vez de ir ao mercado.
Em segundo lugar, Nuno Santos tem contra si o facto de estar há dez anos afastado da gestão da Informação. A RTP sabe que ele fez um bom trabalho por lá, mas na programação. É legítimo, pois, que, independentemente do cartão-de-visita valioso que tem na área (a criação e direcção da SIC Notícias), lhe sejam levantadas dúvidas.
Finalmente, o novo director prepara-se para enfrentar o mais difícil trabalho que teve na carreira. Não será o maior desafio, esse terá sido a reabilitação da programação da RTP, há sete anos, mas é de longe a mais difícil função que vai exercer. É verdade que a Informação da RTP é, como ele próprio diz, um "porta-aviões" do serviço público de televisão. Mas é também verdade que é o cargo mais escrutinado, mais criticado, mais posto em causa, mais envolto em suspeitas que existe no audiovisual.
Nuno Santos sabe que algo vai mudar. Daqui para a frente não terá apenas jornalistas a perguntar-lhe por audiências ou a estragar-lhe surpresas que tem preparadas. Daqui para a frente vai ter toda a gente a achar que foi escolhido pela proximidade ao poder político, vai ter o PSD (e mais tarde o PS, está bom de ver...) a dizer que a RTP é a voz do dono, vai ter os pequenos partidos a queixarem-se de falta de antena, a ERC a manifestar-se sobre tudo o que mexe, os deputados a requererem a sua presença de três em três meses no Parlamento. Como diria o outro, é a vida...
Nenhum comentário:
Postar um comentário