A actualização do universo Audicabo, que agrega os canais de cabo, IPTV e ainda o vídeo, por parte da Marktest, confirma a ideia, há muito existente na cabeça de quem estuda estes assuntos, de que as audiências não eram bem representativas da realidade do consumo televisivo no nosso país. De uma assentada, quase da noite para o dia, os canais temáticos saltaram dos 16%, 17% que conseguiam habitualmente para uma média de 20%, 21%, sendo que ao fim-de-semana esses valores chegam aos 24 pontos percentuais. A operação da Marktest não está fechada: durante as próximas semanas o universo de audímetros nos lares cablados aumentará, o que significa que este crescimento pode ainda não ter terminado.
Estamos, pois, neste cenário: os canais alternativos aos ditos quatro generalistas valem já cerca de um quarto do mercado, o que não só confirma Portugal como um caso raro na Europa em que o cabo se implantou de forma positiva, como ajuda o próprio mercado audiovisual. O crescimento dos canais temáticos arrasta consigo uma maior dispersão do investimento publicitário, outrora concentrado nos generalistas. Com mais ganhos comerciais, haverá mais dinheiro para investir nesses canais. Com mais dinheiro para investir, haverá mais apostas em produtoras e conteúdos próprios.
Sejamos, porém, verdadeiros: este "castigo" à TV generalista (por via de um certo cansaço de formatos repetidamente exibidos há décadas) não é exclusivo de Portugal. Nos EUA, os canais temáticos já representam 35% do mercado. Em Espanha, não através do cabo mas da TDT, valem igualmente um quarto de mercado, numa realidade ainda mais fragmentada por causa dos canais autonómicos. O tempo das estações que fabricavam presidentes já lá vai...
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