Boa noite. Fechamos esta terça-feira com a habitual crónica de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.
Memórias do passado
1. Habituados a viver de costas voltadas, apesar de terem muito mais em comum do que gostam de fazer crer, televisão e rádio deram sexta-feira ao País um bom exemplo de uma saudável convivência. Durante quase duas horas e meia, a rádio teve honras de prime time na televisão. O espectáculo Heróis do Ar, evocativo dos 75 anos da rádio pública, e transmitido em directo na RTP1, teve alguns momentos interessantes e, sobretudo, o mérito de mostrar os rostos de profissionais que há décadas dão as suas vidas pela rádio e que são desconhecidos dos portugueses. Sobretudo se não aparecem habitualmente na televisão. Pode discutir-se se não haveria forma de fazer uma gala diferente, original, moderna. Havia, claro, mas o simples mérito de dar à rádio a visibilidade que merece, para mim, justifica tudo o resto...
2. A SIC mostrou sábado à noite o circo na sua verdadeira essência: um espectáculo fascinante, mas pobre, sem glamour. Fazem coisas que mais ninguém consegue, mas depois tudo aquilo é triste: os palhaços com as mesmas piadas, os animais com as mesmas peladas, as tendas com as mesmas (poucas) condições de sempre, o espírito nómada de terra em terra, à procura de quem lhe dê um pouco de carinho. O circo é, afinal, como a SIC, uma estação perdida em si, em busca de um rumo, de uma purpurina, de algo que brilhe e que a faça sorrir. Sábado à noite, o Circo SIC foi mau de mais. Mal realizado, mal apresentado (Nélson e Sérgio Rosado bem tentaram ter graça...), mal produzido. As câmaras bem tentaram apanhar "caras SIC", mas o melhor que conseguiram foi repetir à exaustão Luís Marques. E pensar que ambos, SIC e circo, já foram grandes...
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