Boa noite. Hoje, em fecho, trazemos-lhe mais uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.
Hoje ainda há Só Séries, para ver às 21H00!
A fórmula do sucesso
São três os elementos que mais vendem: a morte, a fama e o mistério. Na ausência de uma boa conjugação entre eles, o "justiceirismo" faz as vezes. No essencial, porém, dois daqueles três elementos chegam para vender uma história: mesmo sem mistério, e como nos mostrou o caso de António Feio, a morte de um famoso dá pano para mangas; mesmo sem fama, as três misteriosas mortes da Lourinhã aí estão, para lavar e durar; mesmo sem morte, o mistério em torno da actuação de Sócrates ao longo do licenciamento do Freeport acaba de ser recuperado.
A fórmula vale em TV e vale nos jornais também (e, aliás, em todos os restantes suportes onde se produza informação). E, porém, se juntar dois elementos nos garante uma boa história, só juntar os três nos traz a história perfeita. É daí que vem, por exemplo, esta ansiedade de manter Michael Jackson no ecrã, reforçada com a notícia de que o chamado "rei da pop" será a estrela de um episódio especial da próxima temporada de Glee (Fox). E é daí também que vem o crescente tratamento dado à morte de Rosalina Ferreira, numa história em que misteriosamente aparece o nome de Duarte Lima - e que, provavelmente, dominará o fim--de-semana.
Porque é que "não ouvimos falar das Josefas que são o sal da nossa terra", como muito bem se inquietava Ferreira Fernandes no DN de ontem? Morreu uma rapariga. Não era famosa nem morreu em circunstâncias misteriosas. De forma que, para salvar a sua história, só nos resta o "justiceirismo". Enxugadas as lágrimas, há que apanhar os incendiários - e há que apanhar também os responsáveis pelo sistema de protecção civil que colocou Josefa no lugar onde encontrou a morte. São assim os media. Porque é assim a espécie.
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