Para lá das 24

Boa noite e bem-vindo ao Para Lá das 24 desta noite de Quinta-Feira!

Nesta semana, como forma de preencher o lugar vago deixado por Perfeito Coração, a direcção de programas da SIC surpreendeu muitos com a sua decisão em voltar a emitir a série de humor Aqui Não Há Quem Viva.

Certo é que esta não é a melhor aposta para os serões da SIC e não vai conseguir, por razões óbvias, alcançar os bons resultados que Perfeito Coração obtinha. Mas há alguns aspectos positivos que para mim, enquanto mero espectador, podem-se realçar e até se sobrepor aos números.

Para já realçar esta 'tradição' de Nuno Santos na repetição de determinados programas (principalmente formatos humorísticos) em horário nobre, algo que numa televisão privada não fica tão mal quanto isso, ainda para mais quando em causa está esta série de luxo.

Quando estreou, Aqui Não Há Quem Viva foi uma grande lufada de ar em comparação com as séries idênticas. Primeiro, prima por abdicar dos (infelizmente) sempre presentes 'risos enlatados' substituindo-os por algo muito mais cómico, que são os efeitos sonoros muito ao estilo do maravilhoso grupo Vozes da Rádio.

Depois pelo painel de luxo que tem. Nem todas as séries de humor conseguiram até então juntar nomes de peso como Nicolau Breyner, Maria João Abreu, Natalina José ou Carlos Areias. Interpretações sublimes com um argumento, também ele próprio, superior e inteligente.

No fundo, a narrativa em si mesma que de uma forma simples retrata a própria sociedade portuguesa na sua pior vertente, realçando, com uma ironia singular, aspectos como a cusquice, o mal-dizer e até a inveja que os inquilinos daquele prédio nutrem uns pelos outros.

Independentemente da (des)actualização da série, que data de 2006, vale a pena rever Aqui Não Há Quem Viva, pois se há exemplos em que as adaptações portuguesas foram bem sucedidas esta série é um desses exemplos!