Grandes competições como o Mundial de futebol provocam uma overdose de informação. O diagnóstico não é novo e a prova deste ano, na África do Sul, não foge à regra. Esta realidade não é exclusiva da televisão portuguesa e multiplica-se por todos os países em que o futebol é um desporto de massas e com grande aceitação popular.
Ainda na segunda-feira, dia em que Portugal goleou a Coreia do Norte por 7-0, o Telejornal, da RTP1, introduziu por três vezes o tema Mundial ao longo da sua emissão e, por outras tantas, os sete tentos da selecção de Queiroz. O facto é inaceitável para quem acompanha um programa do princípio ao fim, embora se saiba que as novas tendências de consumo televisivo sejam hoje diferentes de há dez anos. Com novos ciclos laborais e com o caos do trânsito nas grandes cidades, os espectadores não entram todos à mesma hora em casa, não ligam todos à mesma hora a televisão, não vêem todos à mesma hora o arranque do jornal.
A apresentação cadenciada de notícias, o estilo pescadinha de rabo na boca e o conceito "e voltamos à notícia de abertura deste jornal" são, pois, inevitabilidades dos tempos modernos, ou uma forma da televisão captar a atenção dos espectadores, procurando evitar a sua fuga para a televisão por cabo ou para a Internet.
Vivemos um tempo novo, um novo paradigma comunicacional: o espectador deixou de ser sujeito passivo que assimila tudo o que recebe. Agora, se lhe interessa, fica. Se o que vê não lhe diz nada, não perde tempo. Adeus!
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