10 de maio de 2011

Fecho


Fechamos esta segunda-feira com a habitual crónica de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.

Excluíram a alcatra?

Nascido e criado na ilha Terceira, constatei com pesar a exclusão da alcatra terceirense da última etapa do concurso das 7 Maravilhas Gastronómicas (cuja final está marcada para Setembro, em Santarém, com transmissão na RTP).

Não tive mais pena, no entanto, do que um beirão, um alentejano ou um almeirinense tiveram ao verem excluídos os maranhos, as migas à alentejana ou as favas com chouriço. E, de qualquer maneira, o que me separa da profusão deste tipo de concursos não tem a ver propriamente com preferências pessoais.

Disse "da profusão destes concursos" e disse bem. Porque uma coisa foi a chamada Gala das 7 Maravilhas, eleição e entrega de prémios final, incluindo a viagem por alguns dos principais monumentos portugueses e, naturalmente, pela história de Portugal também; e outra é a transformação das "7 maravilhas" numa marca que continuemos a reaplicar ad aeternum, o que por um lado se revelará televisivamente insuportável e por outro acabará por fixar um cânone imediatista e tonto para cada pequeno sector da nossa vida pública.

O que me separa da profusão desde tipo de concursos, pois, não é aquilo que a própria organização gostaria que me separasse: o meu (e o nosso) protesto pela exclusão deste ou daquele prato - da alcatra terceirense, ou do bitoque de Vila Velha de Ródão -, a ver se a polémica traz lastro ao negócio.

O que me separa dela é o justificado receio de que, em breve, estejamos a eleger as 7 Maravilhas do Artesanato Português, as 7 Maravilhas da Enologia Ribatejana ou as 7 Mais Maravilhosas Maneiras de Dançar o Vira do Minho, para citar apenas as hipóteses mais prováveis.
 
E a criatividade - por onde andará ela?

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