Fecho

Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.

Futuro e passado

1 É cedo para perceber o impacto dos programas. Mas, em teoria, a TVI fez uma boa escolha com o reality show que seleccionou para combater O Peso Pesado, com que a SIC vai apostar tudo a partir de Maio. Com o epíteto de "programa mais esperado do ano", a versão portuguesa do The Biggest Loser promete ser uma pedrada de afectos e emoções à flor da pele. Acresce que tem Júlia Pinheiro, que conhece bem esta coisa da mecânica dos reality shows. Perante esta onda que acompanha o programa da SIC, a TVI tinha de apostar em algo diferente. Não podia ser mais Secret Story, ou mais Big Brother, com todas as variações possíveis, não podia ser mais criancinhas a cantar. Não podia ser mais do mesmo. Perdidos na Tribo, anunciado em primeira mão pelo DN há uma semana, e ontem confirmado oficialmente pela TVI, é escolha certa. Pelo menos no conceito. Ter um urbano como José Carlos Pereira a caçar para matar a fome, ou José Castelo Branco, com os seus visons, malas Louis Vuitton e maneirismos adjacentes, aos saltinhos, à volta da fogueira e a chamar "sua bicha" ao chefe tribal, é algo que pode captar a atenção dos espectadores. Ou me engano muito ou teremos, a partir de Maio, os domingos mais bipolarizados do espectro televisivo.


2 A memória dos portugueses é curta, já se sabe. Mais ainda na hora da morte. A notícia da morte de Artur Agostinho arrastou consigo uma onda de comoção nacional. E apanhou-me também, que cresci a vê-lo na televisão. Artur foi um comunicador completo, como poucos. Um batalhador e um resistente. Uma vida cheia. Mas foi também, e a sua morte não apaga isso, a voz de Salazar e do Estado Novo na rádio e televisão públicas.