Um ano depois de ter começado (!) chegou ao fim Mar de Paixão, a novela da TVI escrita por uma autora que, entretanto, já trabalha na concorrência há mais de três meses. É uma das particularidades portuguesas, esta de esticar o produto ao sabor das audiências. E esse esticanço pode ser feito de duas formas: ou encomendando mais episódios, num exercício que, às vezes, pode ser penoso, porque muda por completo a lógica narrativa inicialmente pensada e até o destino das personagens, ou encurtando a duração de cada episódio, violando a lógica de construção da narrativa, onde a acção, inicialmente pensada para capítulos de 40 ou 45 minutos é abruptamente cortada fora dos momentos-chave. E, no entanto, isso só é possível porque o público não dá sinais de desagrado e continua a ver. Mas as singularidades portuguesas não ficam por aqui. No Brasil, uma novela das seis não passa às oito. Uma novela das oito não muda, a meio do percurso, para as seis. Com todos os defeitos que possa ter, na Globo o respeito pelo guionista é sagrado.
Quando Patrícia Muller, a guionista de Mar de Paixão, escreveu a novela, pensou-a para um público das 21.00, que tem ainda uma forte presença juvenil. Assim se entende, aliás, a inclusão do golfinho Kiki e dos seus "diálogos" com a personagem de Paula Lobo Antunes. Ora, acontece que a história começou por ser exibida às 21.15, saltou um mês e meio depois para as 22.15, foi ensaiada algumas vezes às 23.00, até se fixar finalmente no terceiro horário da noite, quando as crianças já dormem e os golfinhos não falam. Em Janeiro, porém, quando as audiências o obrigaram, Mar de Paixão voltou para as 22.15. E, pasme-se, mesmo assim a novela resistiu...
Um comentário:
vergonhoso o tipo de letra e o tamanho que escolheram para esta secção ... desceu o nivel
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