8 de fevereiro de 2011

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.

Saiu da gaveta

1. Se já se perguntava sobre até que ponto a crise global haveria de condicionar a nossa visão do trabalho, eis aí um sinal: pivôs, jornalistas, operadores de câmara e editores de imagem juntos numa demanda em torno dos subsídios de apresentação de programas informativos na SIC. Aparentemente, é preciso pôr tudo em pratos limpos: quem recebe o quê, porque não recebem os outros o que aqueles recebem e até quando pretenderá a estação manter a assimetria. É uma espécie de declaração de óbito do capitalismo (mesmo na sua forma mais benigna), com inesperado epicentro numa estação privada de TV. Sabem no que vai resultar isto tudo? Mais cedo ou mais tarde, não há subsídios para ninguém. Nem para aqueles que agora os tinham nem para aqueles que, não os tendo agora, pudessem um dia vir a negociá-los. O socialismo tem destas coisas: acabamos todos mais pobrezinhos, mas ao menos igualmente pobrezinhos. Realmente, serve de uma grande coisa, andarmos aqui a bradar contra a injustiça que a actual RTP representa para a iniciativa privada em contexto capitalista...


2. Independentemente disso, acho curioso que a esquerda parlamentar venha agora insinuar acusações de "demagogia" em torno da proposta do PSD para a inclusão, na nova Lei da Televisão, de cláusulas tendentes à privatização da RTP. Há populismo na proposta social-democrata? Admitamo-lo. Tratou o PSD a RTP da mesma maneira que o PS, quando esteve no poder? Seguramente. Tratará ainda o PSD a RTP da mesma maneira que o PS, se voltar ao poder? Quase de certeza. Mas mais demagógica do que a proposta do ministro Jorge Lacão para a redução do número de deputados é que os esforços do PSD em torno da RTP não são.

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