8 de dezembro de 2010

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.

Dezembro, outra vez...

E pronto, chegámos a Dezembro, o mês mais tradicional da televisão portuguesa, em quase nada se arrisca, porque tudo parece já inventado. Chegámos ao mês dos filmes em série, que já passaram 30 vezes na televisão portuguesa, quase todos comédias natalícias, quase todos de qualidade duvidosa e para os quais só temos paciência, porque, enfim, para chatices já basta o que basta.

Chegámos ao mês da solidariedade, em que todos ficamos contagiados por uma hipócrita onda solidária, inexistente durante o resto do ano, e que invade a televisão como a filoxera ataca as vinhas. Elessão concursos a dinheiro que trocam concorrentes anónimos por apresentadores e actores, eles são galas de Natal, intermináveis directos cheios de música popular e popularucha, com quadros humorísticos quase tão gastos como os da revista à portuguesa. Só esta semana são logo três de uma assentada: a Causa Maior (RTP1), na quarta-feira; a Gala de Natal, da TVI, e Natal de Esperança, da SIC, as duas na quinta-feira. Nelas lá vão aparecer os cantores da ordem: de Marco Paulo a Romana, de Ágata a Tony Carreira, de Roberto Leal a João Pedro Pais, dos Anjos a Rita Guerra.

Chegámos ao mês em que a informação, a diária e a de "grande reportagem", ree-dita, em versões reduzidas ou aumentadas, os clássicos da época: uma noite com os sem abrigo; as ceias de Natal dos militares portugueses em missões de paz; os momentos calorosos nas gélidas prisões portuguesas.

Dezembro é, definitivamente, o menos entusiasmante dos meses televisivos. E, contudo, é sempre uma grande aposta das estações televisivas, porque a televisão é um electrodoméstico familiar, e o Natal, dizem, uma festa de família, cheia de paz e entreajuda. É tempo de acreditar. E nós acreditamos...


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