30 de setembro de 2010

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.

Pequena maravilha

Dele se pode dizer quase tudo o que aqui se disse, há algumas semanas, sobre 6 Biliões Como Tu (RTP2). Com uma excepção: Histórias Com Gente Dentro (SIC) é mais vaidoso (e menos simples) na forma, nomeadamente no segmento introdutório, em que recorre de forma demasiado forçada à câmara lenta, à música "estilosa" e, paradoxalmente, às infografias animadas (que hipotecam o estilo todo). E, no entanto, trata-se, de facto, de uma pequena maravilha. Começa agora a segunda temporada - e o mínimo que se pode fazer é agradecer à SIC por tê-lo mantido na grelha.

Durante 25/30 minutos, desfilam pelo ecrã histórias de pessoas. Algumas são heróicas, outras são trágicas, outras ainda (o que é a maior parte) nem uma coisa nem outra. Um transmontano com um programa de rádio populista. O homem que se fez heroinómano para tentar resgatar os filhos à droga. Uma família ultraconservadora, em que todos os 37 elementos cantam. Um noivo gay e outro heterossexual. Uma padeira e uma empresária de alterne. Ciganos, mulheres prisioneiras e uma criança que pinta - as histórias vão-se sucedendo, cruzando-se vagamente nas pontas e aglutinando-se de vez mais à frente.


A câmara é segura (embora com montagem, repito, excessiva) e as perguntas regra geral bem feitas. O resto é com as pessoas, com as suas histórias e com os seus olhares sobre o mundo, com os seus sotaques e com os seus tiques, com os seus gestos e com os seus silêncios - e sobretudo com aquilo de que tudo isso é mensageiro. No fim, retenho uma frase: "Eu, como dona de uma casa de alterne, tenho de ter uma inteligência fora do comum." Quem me convence de que isto não é maravilhoso?


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