Boa noite. O Fecho de hoje incluí mais uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.
Às 21:00, entra em linha a Audimetria Semanal.
Foi com justiça que Filipa Azevedo se qualificou para a final do Festival Eurovisão da Canção. A canção é fraquíssima na letra e limitada na melodia, mas melhorou tanto a nível da interpretação como da orquestração - e, bem vistas as coisas, perante a quase absoluta miséria das canções adversárias, era de facto uma das menos más da primeira semifinal.
É essa quase absoluta miséria artística que hoje marca o velho festival europeu, porém, que me inquieta. É que, apesar de (ou mesmo exactamente por) ter voltado a criar estrelas de âmbito internacional, o Festival da Eurovisão é hoje pouco mais do que um desfile de música pimba cantada em várias línguas diferentes (e, de resto, já não tão tantas quanto isso, tendo em conta o crescente número de concorrentes que cantam em inglês).
De resto, os comentários de Sérgio Mateus foram suficientemente pobres e provincianos para provocar saudades de Eládio Clímaco, o que não deixa de ser desconcertante. Expressões como "Portugaaaaal!" (na hora do anúncio da qualificação portuguesa), "O Meu coração está a bater de felicidade!" (nos momentos seguintes) ou "Aquele bacalhau para todos vocês!" (no instante da despedida) foram ainda mais boçais do que a música em debate, o que é especialmente sintomático.
Tudo neste festival rescenderia a coisas antigas se não rescendesse a coisas moderninhas vivendo à margem do seu próprio tempo. E a questão é simples: para que serve ainda isto - e, aliás, porque é que Portugal ainda participa?
Talvez para ganhar prémios como o de "Melhor Coro". Devemos alegrar-nos. Desde que Adelaide Ferreira ganhou o de "Melhor Vestido" que não ganhávamos nada que se visse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário