Meio carne, meio peixe
Comparado com os reality shows em que se inspira, O Último a Sair (RTP1) é, naturalmente, um passo em frente. Distingue-o a ficção e distingue-o a ironia: a ironia que já demonstrou sobre os outros (e sobre o universo da televisão em geral) e a ironia que promete demonstrar sobre si próprio (e sobre o humor na televisão em particular).
O problema é que, se participantes como Miguel Guilherme, Rui Unas, Bruno Nogueira, Gonçalo Waddington ou mesmo Luís Pereira de Sousa interpretam bem essa ironia, o mesmo não se poderá dizer de Luciana Abreu e Roberto Leal, que têm claramente uma agenda mediática, ou de outsiders como Filipa Castro, Débora Monteiro, Sónia Balacó e Susana Mendes, que não só têm uma agenda mediática, como essa agenda pode depender perigosamente deste programa.
Resultado: um formato claramente a duas velocidades, pelo menos na primeira edição, emitida domingo.
Se uns estão ali para ganhar uns cobres, gozar o pratinho e (quem sabe) satirizar um pouco a TV mais tonta, outros estão ali para se mostrarem, para exibirem os seus talentos (?) e para, na melhor das hipóteses, voltarem a aparecer em programas do género.
É o que percebo do comportamento de cada um "dentro da casa" e mesmo nas entrevistas prévias em que se dão a conhecer, e ao longo das quais se chegou a ouvir a frase "O meu principal defeito? Ser boa de mais" (entre outras, entre outras).
E a única forma de que isto venha a resultar numa sátira global à TV é se as raparigas (mais Roberto Leal) não estiverem ali para outra coisa senão para serem gozadas à fartazana pelos rapazes (com o Batatoon a aplaudir ao fundo, isto é).
Será divertido. Mas chegará?
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