12 de maio de 2011

Fecho


Em fecho mais uma crónica da autoria de Joel Neto retirada do Diário de Notícias.

Meio carne, meio peixe

Comparado com os reality shows em que se inspira, O Último a Sair (RTP1) é, naturalmente, um passo em frente. Distingue-o a ficção e distingue-o a ironia: a ironia que já demonstrou sobre os outros (e sobre o universo da televisão em geral) e a ironia que promete demonstrar sobre si próprio (e sobre o humor na televisão em particular).

O problema é que, se participantes como Miguel Guilherme, Rui Unas, Bruno Nogueira, Gonçalo Waddington ou mesmo Luís Pereira de Sousa interpretam bem essa ironia, o mesmo não se poderá dizer de Luciana Abreu e Roberto Leal, que têm claramente uma agenda mediática, ou de outsiders como Filipa Castro, Débora Monteiro, Sónia Balacó e Susana Mendes, que não só têm uma agenda mediática, como essa agenda pode depender perigosamente deste programa.

Resultado: um formato claramente a duas velocidades, pelo menos na primeira edição, emitida domingo.

Se uns estão ali para ganhar uns cobres, gozar o pratinho e (quem sabe) satirizar um pouco a TV mais tonta, outros estão ali para se mostrarem, para exibirem os seus talentos (?) e para, na melhor das hipóteses, voltarem a aparecer em programas do género.

É o que percebo do comportamento de cada um "dentro da casa" e mesmo nas entrevistas prévias em que se dão a conhecer, e ao longo das quais se chegou a ouvir a frase "O meu principal defeito? Ser boa de mais" (entre outras, entre outras).
E a única forma de que isto venha a resultar numa sátira global à TV é se as raparigas (mais Roberto Leal) não estiverem ali para outra coisa senão para serem gozadas à fartazana pelos rapazes (com o Batatoon a aplaudir ao fundo, isto é).
Será divertido. Mas chegará?

Nenhum comentário: