Desnorte completo
1. O que é mais extraordinário, no caso do menino filipino humilhado num programa de talentos, nem é a humilhação em si. Humilhações assim (e assado) acontecem todos os dias em muitas televisões do mundo. O que é mais extraordinário é os pais da criança, que o incentivaram a submeter-se à dita humilhação na expectativa de um prémio de 162 euros, continuarem convictos, segundo leio pela imprensa, que a criança não foi humilhada. É verdade que essa acefalia também não é exclusivo das Filipinas ou do público do programa Willing Willie: ela reina ao redor do globo, inclusive aqui em Portugal, entre o público da TV generalista (e não só). Mas é aí que está o problema: no público - e, em particular, naquilo a que o público está disposto a submeter-se por dois segundos de antena ou 162 euros de prémio. Da TV, já se sabe, não se pode esperar mais.
2. Novo caso cómico na guerra entre os grandes canais portugueses: a SIC acusa a RTP de "copiar", para o programa Portugal e o Futuro, o logótipo de Portugal 2009-2011. A ideia de cópia é rebuscada, como o prova uma simples comparação a olho nu entre os dois logótipos. Mas, sobretudo, e num contexto em que os canais estão cada vez mais iguais uns aos outros, copiando-se mutuamente formatos, modelos e horários, é verdadeiramente desconcertante que estejamos a discutir um logótipo. Ainda por cima sendo o dito feio como os trovões.
3. Abelha Maia vai voltar, desta vez em versão 3D. É um golpe de marketing oportuno, agora que o culto dos anos 80 deixou de ser um statement exclusivo dos jovens urbanos e ganhou raízes até na cultura brejeira. Temo que nos esperem vários anos de especial mau gosto.
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