Três pressupostos. O actual jornalismo, aqui como em tantos outros países, é muitas vezes mau e quase sempre superficial.
O nosso jornalismo económico não é em nada (pelo contrário) pior do que os nossos jornalismos desportivo, cultural ou político. A ideia de que podem (e até devem) ser os jornalistas a resgatar o mundo das garras da humanidade não passa de uma boutade Fórum TSF, com mais nenhuma utilidade que não a de "falar para não estar calado".
E, no entanto, estou convicto de que um jornalismo económico ao nível dos mínimos exigidos ter-nos-ia ajudado a evitar chegar onde chegámos. Porque a crise também é internacional (ou seja, tem uma dimensão que também escapou aos media de outros países), mas agora já é sobretudo nacional.
Resulta de uma desregulação do capitalismo, mas também de uma gestão irresponsável das contas públicas e das contas privadas, incluindo um despesismo brutal e um endividamento absurdo. E a existência de um maior know how entre a classe jornalística não apenas teria ajudado a identificar em tempo oportuno esses riscos, como teria seguramente permitido um alarme mais cabal e irrefutável quanto à aproximação do juízo final.
Esta crise portuguesa, queiramo-lo ou não, é também um fracasso do jornalismo, dos jornalistas e dos media em geral. Nosso e de nós todos, isto é. E, se alguma excepção existe, essa excepção é José Gomes Ferreira, cujos comentários e programas (Negócios da Semana, da SIC Notícias) há anos vão tentando alertar-nos, sem partidarismos tontos e com um domínio superlativo da matéria, para este momento.
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