1 de fevereiro de 2011

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Mário Contumélias, retirada do Jornal de Notícias.


Pensar

Judite de Sousa quis chamar alguém que a ajudasse, e a nós, a pensar o país e António Barreto sentou-se na cadeira da "Grande Entrevista". Não trouxe nada de muito de novo, mas valeu a pena.


É que temos, cada vez mais de nós, portugueses, a noção de que vivemos no medo e na incerteza, com receio do presente e temor do futuro. Mas que Barreto o diga, e porque é uma voz de referência, dá-lhe outro peso.


Por isso, foi bom ouvi-lo classificar a recente campanha eleitoral como "intelectualmente medíocre"; dizer que "o poder legislativo tem tido uma absurda passividade em relação à Justiça", que não é justa nem eficiente.


E foi importante que tenha dito que "seria decisivo despartidarizar o debate sobre o Estado Social", ou que, neste país, os poderes se aplicam a nivelar por baixo e são incapazes de distinguir quem trabalha bem de quem trabalha mal, e os bons serviços dos maus serviços.


Entrevistas assim ajudam, de facto, a pensar o país. E isso, é bom serviço público.


Também boa para pensar, embora num outro nível, foi a reportagem de Mafalda Gameiro, "Quem és tu?", no programa "Linha da Frente", da RTP1, centrada no ofício do padre Humberto Gama, um exorcista de 72 anos, no activo desde os 26.

Com excelente imagem de Carlos Oliveira e conseguida edição de António Nunes, a jornalista, sem nunca cair no sensacionalismo, ouviu outras vozes, de áreas distintas do conhecimento, para procurar explicar "o inexplicável".

Foi interessante o cruzamento entre saberes diversos, mas "o inexplicável" continuou por explicar. O problema, ou a ausência dele, é que, como diz o padre Gama, "nunca ninguém viu o demónio nem o há-de ver, como ninguém viu Deus nem O há-de ver". Portanto, é tudo uma questão de crença.


Talvez também uma questão de crença, mas não tão bons para pensar, foram os "30 Minutos", apresentados, na RTP1, por José Rodrigues dos Santos. O programa parece querer meter o Rossio na Betesga e acaba sendo muita parra e pouca uva. Diz-se que se vão mostrar "histórias de vida" e depois, digna do nome, nem uma. Passa-se a correr, muito "à vol d"oiseau", sobre instituições, pessoas, casos; é entretenimento do mais transparente.


A tal ponto que numa recente edição se fechou o programa com uma jovem que canta e faz espectáculos, mesmo sem ter ido aos "Idolos". Fantástico!


O que não se percebe é que o "30 Minutos" seja colado ao telejornal das oito; a menos que a edição a que me refiro, do passado dia 27, seja uma excepção. A não ser assim, é difícil entender a pertinência de tal formato, naquele espaço. Coisas que acontecem...


...Como aquela da RTP1 ter transmitido a "Gala Eusébio". Não que a qualidade futebolística e humana do "King" não mereçam a homenagem. Merecem. Porém valeria a pena perceber-se o "a propósito" da coisa, que devia ter sido preparada e explicada aos telespectadores. Não foi.

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