1. Quem nos dera a nós que os debates tivessem sido mornos: foram no máximo tépidos, muitos deles frios mesmo. Quem nos dera a nós que a campanha tivesse sido populista: foi no máximo demagógica, e nem sequer nisso conseguiu ter graça. Num cenário perfeito para a realização de eleições presidenciais - com dois anos de recessão no horizonte, um primeiro-ministro apanhado repetidamente a "desconversar" e seis candidatos a chefe de Estado -, acabámos por ter talvez as mais chatas eleições de sempre, mais chatas ainda do que as que reconduziram Jorge Sampaio, há dez anos, ou Mário Soares, há vinte. Resta-nos, pois, a chamada "noite eleitoral", com epicentro nas televisões. Dizia no outro dia Conceição Lino, numa entrevista ao Correio da Manhã: "O País precisa de que os jornalistas façam o seu papel." Tem razão, mas peca por defeito: o país precisa de que os jornalistas façam o seu papel e ainda o papel dos políticos, forjando para esta tristonha campanha, símbolo maior do nosso crescente imobilismo, uma imagem com um mínimo de dignidade. Depois digam que a culpa é toda nossa, como de costume.
2. Há pastiches descarados, aproveitamentos banalíssimos de tendências mais banais ainda e, aliás, más letras a quase toda a extensão. Mesmo assim, as 21 canções levadas a votação online pela RTP, a pensar no Festival Eurovisão da Canção, são de longe o menos mau lote em muitos anos. Há umas três ou quatro, pelo menos, que não nos envergonhariam tanto como é costume. Uma delas é cantada por Henrique Feist, outra por Inês Bernardo, outra ainda por Nuno Norte e uma quarta, embora mais frágil, por Carla Pires. Naturalmente, nenhuma delas lidera, por esta altura, a classificação.
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