20 de janeiro de 2011

Fecho

Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.

É triste? Não, é a vida

Andamos todos cheios de macaquinhos na cabeça. A moda entre os jornalistas parece ser agora falar da tabloidização da informação dita de referência. As críticas que se têm ouvido e lido, ou porque jornais ditos sérios deram destaque ao homicídio de Carlos Castro ou porque Judite Sousa "não resistiu" a falar do assunto na sua Grande Entrevista (o que será isso de "não resistir"?...), são de quem ainda não percebeu que o jornalismo é feito para as pessoas, para os seus interesses e preocupações. Durante uma semana não houve assunto de que se falasse mais: entrava-se no metro, num café, num restaurante, num ginásio, numa piscina, numa esplanada, num escritório, num lar de idosos, numa escola, num ministério e do que se falava? Não, não era da emissão da dívida; não era da possível chegada do FMI; não era das cheias no Brasil; não era da filha de Luciana Abreu; não era dos golos de Cardozo e Saviola. Não. Durante uma semana, o que todos falavam (novos, velhos, magros, gordos, homens, mulheres, hetero ou homossexuais, pobres, ricos, empregados ou desempregados) era de Carlos Castro, de Renato Seabra e do saca-rolhas.


Essa ideia de que há determinados assuntos que só podem ser tratados por revistas do coração é puro preconceito. E um sinal de que muitos de nós ainda não perceberam que o mundo já mudou. E é essa dita imprensa menor que continua a crescer. E são estes assuntos mundanos, "indignos" de serem tratados pela imprensa de referência ou por programas de culto de jornalistas como Judite Sousa, que despertam a atenção das pessoas, que duplicam, triplicam, quadriplicam o tráfego dos sites na Internet, que fazem disparar as vendas de revistas e jornais. É triste? Não faço ideia. É a vida...


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