5 de janeiro de 2011

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.

História de Amor

Pronto, está bem, venham-me lá falar dos móveis IKEA no Palácio da Zarzuela; venham-me lá falar da princesa a passar a ferro a sua própria roupa ainda nos seus 82 metros quadrados nos arredores de Madrid; venham--me lá falar do Mojito pedido por Felipe, uma hora e tal depois de ter dito à futura princesa que não bebia álcool. Eu também reparei em tudo isso, mas gostei de Felipe y Letizia, a minissérie da Telecinco, que a SIC exibiu domingo à noite. Aquilo é uma obra de ficção, não é um documentário. Aquilo é um trabalho bem feito, interessante, não é uma megaprodução, que exigiria um elenco bem mais numeroso do que aquele e um investimento seguramente bem mais forte. O mérito de Felipe y Letizia, uma ficção espanhola com quase duas horas e meia de duração que foi vista em Portugal por mais de 800 mil pessoas, é contar de forma simples uma história de amor entre dois jovens. Acontece que, por acaso, esses jovens serão os próximos reis do país que está exactamente ao nosso lado, e que nos vende muita da roupa que vestimos, muitas das pizzas que comemos e muito do bom futebol que vemos na televisão.


Felipe y Letizia pode não ser uma obra de arte, mas emociona, prende ao ecrã e prova, se dúvidas houvesse, duas coisas: por um lado, mesmo num país republicano como o nosso, temos um fascínio especial por histórias da monarquia, o que não significa exactamente que estejamos rendidos à causa monárquica. Por outro lado, é imperioso que a indústria televisiva em Portugal (desde produtores a programadores) perceba que a ficção é mais do que novelas ou séries que se repetem à razão de 13 episódios por encomenda. Desformatem as vossas cabeças, por favor, que a gente gosta é de histórias bem contadas...

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