18 de dezembro de 2010

Fecho


Boa Noite. Hoje, em fecho, trazemos-lhe mais uma crónica da autoria de Nuno Azinheira retirada do Diário de Notícias.

Com açúcar e com afecto

Quem me conhece sabe que sou um bom garfo. Os meus amigos sabem que gosto de cozinhar - e que cozinho bem. Por isso, não é surpreendente que goste dos programas de cozinhados e de tudo o que gira à volta da mesa. Lembro-me de já ficar fascinado em miúdo por Filipa Vacondeus e por Maria de Lourdes Modesto. As duas divas deram lugar a uma plêiade de propostas gastronómicas: da arte de comunicar de Henrique Sá Pessoa à loucura de Chakall. Da pragmática Nigella Lawson à caseira Mafalda Pinto Leite. Da graça de Jame Olivier à simplicidade mitológica do Chef Silva.

Cozinhar é uma arte e uma expressão cultural evoluída. O prazer da (boa) mesa, com tudo o que ela implica, de socialização, de aprendizagem, de discussão e de partilha, é algo incomparável e cada vez mais raro nos tempos efémeros das nossas vidas.


O novo Ingrediente Secreto, que Henrique Sá Pessoa estreou recentemente na RTP2 (domingos, 19.30), perdeu a cumplicidade da conversa entre amigos que Entre Pratos tinha, mas ganhou na atenção que se dá ao processo criativo. Talvez seja menos abrangente (só quem gosta de cozinhar é que o vê...) que o anterior, mas ganha na atenção, no requinte e na sabedoria que o chef revela em cada passo que dá. E fá-lo com a mestria que o seu currículo justifica. Bem pode Sá Pessoa desvalorizar a sua enorme capacidade comunicadora, como o fez na entrevista publicada no DN na passada segunda--feira. Mas é essa característica que o distingue dos demais: Henrique Sá Pessoa tem o timing e o registo certos. Sabe o que dizer e como dizer em televisão, percebe a necessidade de tempos de respiração, sem que eles sejam mortos. Não há nada como uma cozinha desmaiada e sem vida...

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