Início de um novo milénio, início de uma nova era da nossa televisão. Se, até aqui a SIC era líder incontestável do panorama audiométrico português, com a chegada deste polémico concurso tudo se alterou. A TVI conquistou os portugueses e nunca mais perdeu o estatuto de líder. São estas algumas das provas que dão conta da importância que o Big Brother teve no audiovisual português.
Dizem que “não há amor como o primeiro” e é um facto: falar de reality-shows implica, quase que imediatamente uma referência ao primeiro de todos eles. Anunciado como O Grande Irmão, ou a novela da vida real, fez jus a todos os nomes que recebeu e muitos foram os picos de audiência que conquistou.
Hoje, ao olharmos para Secret Story, por exemplo, vemos que aquela não é uma telenovela da Vida Real, que tudo ali parece encenado, que aquelas pessoas não demonstram ser aquilo que são verdadeiramente no seu dia-a-dia. No Big Brother isso não acontecia. Muitos de nós revíamo-nos na pele de muitos dos concorrentes. Compreendíamos as suas emoções, acreditávamos nas suas histórias. Era diferente e ponto final. Foi o primeiro e ainda surgiram mais quatro. É claro que todos diferentes uns dos outros, no entanto, na minha opinião, foram as duas primeiras edições que mais me marcaram. Até porque são de alguns dos concorrentes dessa altura que mais me recordo hoje em dia. Desde o eterno vencedor Zé Maria, à sempre simpática Marta, ou a cabeça amarela Susana, não esquecendo ainda a beijoqueira Elsa e o padre Henriques. Eles marcaram uma época e, muito dificilmente um programa deste género poderá ser tão real como o BB.
Aliado a todos estes factores está, claro está, o facto de ter sido Teresa Guilherme a “comandar as operações”. Polémica, divertida, perspicaz e casamenteira, que alegria era vê-la “em casa” neste show. Bons tempos que, apesar de tudo, jamais serão revividos.
Afinal de contas, o Big Brother será sempre o Big Brother e disso ninguém duvida!
Masterplan foi, de facto, um programa polémico. Apesar desta minha afirmação ser motivada um pouco pela concorrente que referi, detentora de uma personalidade muito forte, no compute geral o reality-show conseguiu prender a atenção de milhares de portugueses que estavam fixados no Big Brother. Mesmo sabendo que o concurso da TVI foi sempre o preferido dos telespectadores, Masterplan conseguiu que estivessem concentrados em si palavrões, agressões físicas e discussões - o sonho de qualquer programa. Afinal, são estes ingredientes que captam as audiências, certo?
É curioso rever alguns dos vídeos do concurso, nos quais são demonstrados aspectos bastante interessantes do mesmo. Será que Masterplan se adequaria aos tempos de hoje? Talvez. No entanto, o formato teria de ser diferente, assim como as regras. Não consigo prever um grande sucesso de um reality-show que, há oito anos, foi lançado num período no qual a polémica passou a ser um dos fortes condimentos dos programas de televisão.
Por esse motivo, não consigo imaginar uma aposta na SIC neste reality-show, sabendo que a linha do canal se baseia cada vez mais em lançar programas de talento, familiares. Portugal tem Talento, The Biggest Loser, Factor X, são alguns dos exemplos de formatos que nada têm a ver com o conteúdo polémico de Masterplan. Se, de facto, a estação de Carnaxide apostasse no reality-show, então isso seria como que uma decisão oposta à oferta de entretenimento que o canal tem disponibizado.
No entanto, e tendo por base o adágio popular, "nunca digas nunca".
Sisley Dias , por Diogo Santos - 47%
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