Pedro Mourinho diz ao DN que ficou honrado por ter sido escolhido para mestre-de-cerimónias da candidatura ibérica ao Mundial de futebol em 2018. E eu acho muito bem. Tem razão para ter ficado honrado. As funções para as quais foi convidado são importantes (ainda para mais numa candidatura ibérica que reúne dois países tão assimétricos como Portugal e Espanha), e honrosas - o impacto económico que uma prova desta grandeza provocará nos dois países não é despiciendo e está também nas suas mãos.
É evidente que em Portugal há regras e elas têm de ser cumpridas. Se o Estatuto do Jornalista diz que um profissional pode dar a cara por uma actividade de interesse público desde que não seja remunerado, Mourinho terá de se sujeitar a esse condicionalismo. Mas todas as restantes considerações, comentários jocosos e de mau gosto (vindos, maioritariamente, do interior da classe) são apenas um sinal da nossa pequenez, num país cheio de gente mais preocupada a invejar as conquistas alheias do que a construir as suas.
A tarefa para a qual Pedro Mourinho foi convidado limita ou impede a independência ou rigor profissionais da actividade normal do jornalista? Não. E essa para mim é a resposta que interessa.
Essa ideia peregrina de que um jornalista está diminuído da sua condição cívica é um absurdo. Um jornalista é um cidadão. Acresce que, pela sua formação e pela sua prática, pode estar em vantagem para assumir outras actividades pontuais, que o dignifiquem a si e ao colectivo em que está inserido.
Eu, como jornalista e como português, fico contente pela escolha de Portugal e Espanha. Acho que Mourinho é capaz de "vender" bem o nosso Mundial. E não acho que, por causa disso, ele passe a ser um vendido.
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