23 de setembro de 2010

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí mais uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.


Luís de Matos: um desperdício


Quem já passou pela TV Galicia (e sobretudo quem já parou nela durante cinco minutos) sabe-o bem: o canal galego tem demasiada boa vontade para tão poucos meios - e não raro o melhor que ali se pode ver são programas num espectacular tom de "gala dos Óscares", mas feitos com o know-how e a capacidade técnica da RTP Madeira dos anos 80. Por outro lado, o futuro passa pela televisão de proximidade. Ora, sendo os canais regionais espanhóis, regra geral, bem mais pujantes do que os nossos, vale a pena observar as experiências que de vez em quando ali ocorrem.


O investimento feito há já seis anos pela TV Galicia em Luís de Matos é, nesse sentido, exemplar. Praticamente ostracizado na TV portuguesa, o ilusionista de Coimbra tem ali, entre os galegos, uma boa aceitação. E a questão é dupla. Por um lado, é difícil perceber que não haja mais artistas nacionais a investir no mercado galego, cujas afinidades com Portugal e a "portugalidade" estão longe de fenecer. Por outro, é ainda mais difícil aceitar que Luís de Matos seja tão ignorado entre nós, pelo menos no que diz respeito às grandes produções.

Luís de Matos não é um feiticeiro: é um performer. Não é um mágico: é um ilusionista. E o ilusionismo dá um bom espectáculo, sobretudo quando feito com meios de alguma monta (os mesmos, aliás, que Luís de Matos já provou saber manipular). Quem o via na RTP, aqui há vinte anos, não tinha dúvidas: nascido noutro país, ele podia muito bem ter chegado ao nível de David Copperfield. Agora, ei-lo aí, a bater há anos com a cabeça no tecto, sem ter onde demonstrar a arte com que vai coleccionando prémios internacionais. Um desperdício.


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