9 de agosto de 2010

Frente a Frente

A propósito do regresso de Operação Triunfo, mítico talent-show da RTP1, resolvemos esta semana colocar em duelo dois dos concorrentes que marcaram o mesmo! Ricardo Soler e Vânia Fernandes estão em destaque esta semana!




O tema de Sara Tavares, Sei Lá, interpretado por Ricardo Soler numa das galas de Operação Triunfo, resume toda a minha parte do Frente a Frente desta semana. O talento, a voz, o timbre, os agudos, os graves, a versatilidade, são os elementos deste jovem cantor que o tornaram num autêntico camaleão da música.

Infelizmente, e apesar de na altura ter torcido pela Vânia, não foi ele o vencedor. Por vezes, quando acompanhamos concursos, acabamos por apoiar o concorrente com o qual criámos mais empatia. No meu caso, sempre gostei da madeirense, apesar de assumir que Ricardo Soler tinha mais talento.


Sempre pensei que ele conseguisse vingar no mundo da música, tornando-se quiçá um dos grandes artistas portugueses. Sinceramente, a sua atitude, postura, e trabalho justificavam-me tal pensamento. No entanto, e após o término de Operação Triunfo, não foi isso que se verificou.

Tal como outros tantos concorrentes, o futuro de Ricardo Soler acabou por passar por participações em bandas de programas. Chamar a Música e Companhia das Manhãs fizeram assim parte do seu portefólio musical.

Apesar de ter integrado alguns musicais, tais como West Side Story e Alice e Magia do Natal, o seu destaque no mundo artístico acabou por ficar muito encoberto. Sim, participou em vários trabalhos com ex-colegas de Operação Triunfo, espectáculos no Casino de Lisboa, e teve uma forte presença nos mais variados festivais. Em Março de 2008, e à semelhança de vários cantores que saem de concursos musicais, participou no Festival da Canção, tendo alcançado o quarto lugar. O Festival da Canção dos Países da Bacia do Mediterrânio, o Festival Internacional da Bulgário, o Festival Internacional Vozes do Atlântico, fizeram também parte do seu repertório musical.


Questiono eu se de facto vale a pena participar em Ídolos ou Operação Triunfo. Como telespectador, sou fiel a este tipo de concursos. No entanto, tenho em atenção o percurso dos concorrentes. Será mesmo necessário participar em talent-shows deste género para depois cair no mesmo caminho de sempre? Quero com isto dizero seguinte: Festival da Canção, cantores de programas de televisão, repórteres, entre outros trabalhos.

É verdade que estas oportunidades que referenciei são positivas. São portas que se abrem com mais facilidade quando temos uma maior projecção ao nível televisivo. Todavia, e depois? No início tudo parece bonito, todos nos querem. O pior vem no decorrer do ano seguinte ao concurso. Os convites teimam a chegar. Os telefonemas para propostas de trabalho começam a diminuir. Os artistas ficam reduzidos a pouco, e aceitam qualquer coisa. Transformam-se em protagonistas de festas de Verão, e dedicam-se a uma outra profissão. A música, acaba por ser um hobby.


É triste esta realidade. No caso de Ricardo Soler, não considero que se possa queixar muito. O seu percurso profissional até tem sido preenchido. No entanto, não se ouve falar dele. Está muito "preso" ao concurso da RTP1. Por exemplo: Luciana Abreu participou em Ídolos, mas poucos são os que hoje a associam ao concurso da SIC. É isto que "falta" ao ex-concorrente de Operação Triunfo: um desafio profissional que o faça soltar, que o faça ir mais além.

Quem sabe uma novela, ou a formação de uma banda "a sério", e não a criação de projectos com colegas seus a curto/médio prazo.

Desejo o melhor para Ricardo Soler. O "Eu Sei" inicial da minha parte deste Frente a Frente justifica tudo a todos os que tenham dúvidas sobre o seu talento.


Foi em 2007 que a RTP decidiu apostar numa terceira edição de um dos meus concursos favoritos. Agora encabeçada por Sílvia Alberto, a Operação Triunfo surgiu fresca e mais dinâmica.

De entre o talentoso rol de concorrentes, desde o inicio que Vânia Fernandes captou a minha atenção. Adorava o seu timbre de voz e a sua beleza ao cantar. O seu sorriso, a sua garra, a sua presença em palco eram também pontos a seu favor. Por outro lado, a característica forma física também me fez segui-la com mais atenção. Atenção, isto não é qualquer tipo de preconceito, jamais! É apenas um dado curioso e que me despertou a atenção.

Acompanhei-a sempre, durante todas as galas do programa e sempre torci pela sua vitória. Quando vi o público português elegê-la como vencedora, dei pulos de alegria, confesso. Era, indiscutivelmente a minha favorita e a mais completa de todos eles. Muito se diz que a sua vitória foi obtida, em grande parte, pelo facto de ser madeirense e de o arquipélago ter votado “em força” na sua menina. Não sei se é verdade, ou não, mas tenho algumas dúvidas. Todavia, caso esta tenha sido a realidade só prova algo que muito admiro: a união do povo madeirense!


Pouco tempo depois de ser coroada a grande voz da OT, Vânia concorre ao Festival da Canção. Quando vi que estava na lista de participantes, pensei de imediato: ela tem que vencer! E não é que o público português também pensou desta forma? A sua classificação foi mais do que justa: Era a melhor música, a mais profunda, a mais tocante, a que mais puxada ao sentimentalismo.


Mereceu, e muito, ter ido até Belgrado, na Sérvia, onde dignificou ainda mais o nome do nosso país. Embora não tenha ganho, a jovem madeirense ficou no décimo terceiro lugar, algo que há muito o nosso país não alcançava. Palavras para quê? Uma das melhores actuações de sempre de um artista português no Festival da Eurovisão!



Hoje, recordo com saudade aquela grande noite de Maio, quando a vi e ouvi cantar Senhora do Mar. Para mim, é um tema muito especial, cuja letra me diz muito. Cheguei, inclusivamente a tê-la como tom de toque de telemóvel!


Para além de tudo isto, há algo que muito admiro em Vânia Fernandes. Ao contrário de muitos outros colegas, ela tentou um pouco “afastar-se” de ser corista de programas de televisão, mas a música continua a fazer parte da sua vida, nomeadamente numa vertente mais jazz, chegando recentemente a actuar em alguns palcos da ilha da Madeira.


Por tudo isto e muito mais, é-me possível afirmar que, mais do que um bom “corpinho”, mais do que cair nas graças do público, é preciso ter-se uma excelente voz! E Vânia tem-na claramente. Porque, afinal de contas, ela é a nossa Senhora do Mar, que nos ajuda a esquecer as Negras Águas que por vezes invadem a nossa vida!



Iniciado um novo Frente a Frente, damos por encerrado o anterior. Neste sentido, aqui fica o resultado da sondagem que opunha as opiniões entre José Alberto de Carvalho e José Rodrigues dos Santos:


José Rodrigues dos Santos, por Diogo Santos - 55%

José Alberto Carvalho, por Tiago Henriques - 45%


Inicia-se então outra sondagem para averiguar qual das opiniões deste Frente a Frente foi a mais forte. Vote!

4 comentários:

João disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João disse...

Odeio o Ricardo Soler desde o último festival da canção e da votação tendenciosa do júri de Lisboa do qual ele fazia parte. Além do mais, acho-o muito artificial a cantar.

Portanto o meu voto vai para a diva Vânia Fernandes que conseguiu o melhor lugar para Portugal nos últimos anos de ESC. Ela sim é natural a cantar e imprime nas músicas uma profundidade surpreendente. É pena não apostarem mais nela.

Parabéns pela rubrica!

Tiago Henriques disse...

Obrigado pelo teu comentário! Eu aprecio o Ricardo Soler. Gosto imenso do seu timbre de voz =)

Anônimo disse...

O meu voto vai claramente para o Ricardo Soler.
Primeiro porque tem uma grande voz. Depois tem tentado fugir - e aqui discordo do que foi escrito - ao rótulo OT e tem um projecto que se chama "Portugal Acústico" pelos dois temas que ouvi parece bastante interessante.

E já que se falou no facto de ele ter sido juri de Lisboa, sinceramente não vejo qual o mal da votação dele e dos outros elementos, do que se viu, até que foram os mais correctos.

De referir ainda que se tem ouvido falar muito mais dele do que de Vânia.