Boa noite. Hoje, em fecho, trazemos-lhe mais uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.
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Pornografia contemporânea
Uma notícia e uma entrevista recentes ajudam a fazer luz sobre uma realidade incontornável: o sexo já não é o que era e a televisão ainda não sabe o que ele é agora. Diz uma auditoria que a revista Playboy, os canais de TV com a marca Playboy e os próprios eventos sociais realizados ao redor do mundo pelos herdeiros de Hugh Heffner estão agora no seu estertor de morte. E diz São José Correia, na mesma entrevista ao i em que anuncia que escreve pornografia e tem "vontade de um filme pornográfico" (sim, falta lá o verbo, mas parece que é "realizar", não "entrar em"), que a pornografia "tem a ver com divertimento, não é nada sério".
Verdade e mentira. Qualquer cibernauta sabe que os sites dedicados à pornografia são cada vez mais. Por outro lado, sabe também que são mais democráticos, de acesso muito mais fácil - e sabe sobretudo que a oferta se divide agora em secções muito diferentes daquelas em que se dividia há quinze, há dez, mesmo há cinco anos. O público continua a gostar do sexo alheio, continua a procurar nele as injecções emocionais que procurava antes e, portanto, continua também a considerá-lo uma coisa absolutamente séria. Mas aquilo que procura agora é a pornografia com homens jovens e mulheres de 80 anos, com anões acondroplásticos e negras de 140 quilos como aquelas que se vêm nas ruas de Nova Iorque, com a vizinha da frente e o Ti Zeca do quarto andar, pois o mais provável é que já esteja postado algures.
O sexo banalizou-se, sim - e quem o banalizou de vez foi a televisão. Entretanto, encontrou um novo caminho. Conseguirá a televisão corresponder a ele? Difícil. E mau será se sequer o tentar.
O sexo banalizou-se, sim - e quem o banalizou de vez foi a televisão. Entretanto, encontrou um novo caminho. Conseguirá a televisão corresponder a ele? Difícil. E mau será se sequer o tentar.
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