Às 21:00, saiba qual o Protagonista da semana. A partir das 22:00, fique com o resto da rubrica o Melhor & Pior da Semana.
O fim de Larry King Live, depois de 25 anos de emissões, não é apenas o fim de um programa de TV, o estertor de morte de uma certa forma de fazer entrevistas ou mesmo o eclipse daquele que se tornou um dos mais improváveis ícones pop norte-americanos. É tudo isso ao mesmo tempo - e é ainda mais alguma coisa. Durante duas décadas e meia, Larry King entrevistou todo o tipo de gente. Fê-lo diariamente, provando que, pelo menos num lugar deste mundo, resistia uma estação com meios de produção suficientes para suportar a assertividade de um programa de informação diário. E fê-lo com enorme sucesso.
A razão primeira para esse sucesso é a mais simples: todos os assuntos eram, para Larry King, passíveis de interesse. O que importava era a abordagem que ele lhes fazia, quase sempre inteligente, quase sempre capaz de fazer reportar a conversa às tendências de que ela era mensageira. Larry King não é um intelectual, mas era capaz de extrair o melhor dos intelectuais. Não é um especialista da geopolítica, mas era capaz de decifrar, nas entrelinhas de uma entrevista com um homem da estratégia, o que catalisava a marcha deste mundo. Não é, seguramente, um homem do jet set, da subcultura light, da televisão fácil, mas nem por isso deixou de entrevistar estrelinhas de todo o tipo - e, mesmo nesses casos, as suas entrevistas tiveram interesse. E isso não denuncia apenas uma personalidade interessada e interessante, cheia de gosto pela vida: atesta também que o grande jornalismo - o verdadeiro jornalismo - durou pelo menos até aos nossos dias. Não tenho a certeza de que haja muito quem tenha aprendido com Larry. Em Portugal, nos próprios EUA e no mundo em geral.
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