Boa noite, seja bem-vindo ao Cine-Opinião – Especial Óscares
Estreou ontem a 82ª edição dos Óscares da Academia, no Kodak Theatre, com surpresas emocionantes na atribuição das estatuetas mais cobiçadas a nível cinematográfico. O grande vencedor foi mesmo Estado de Guerra, que conquistou seis das suas nove nomeações, batendo o grande favorito, Avatar, na categoria mais distinta de melhor filme do ano. Relembra-se que Avatar é, até hoje, o filme mais visto de sempre, tendo ultrapassado Titanic; James Cameron, realizador de ambos os filmes, demonstra assim o seu “toque de midas”, todavia insuficiente para que a Academia lhe atribuísse o prémio de melhor realizador. Pela primeira vez na história do cinema, é uma mulher que o leva para casa: Kathryn Bigelow, realizadora do grande premiado da noite. Estado de Guerra arrecadou ainda o prémio nas categorias de "Edição", "Mistura de Som", "Montagem" e "Argumento Original".
Ainda não tive o privilégio de ver este tão aclamado filme, que provavelmente passaria despercebido não fossem as suas nomeações e consequentes vitórias. Porém, o "destrono" de Avatar provou, para mim, mais uma vez, que a Academia leva a sério a atribuição das suas estatuetas, não sendo influênciada pelo "comercialismo". Certo é que Avatar marcará para sempre a história do cinema, mas em nada primou para além dos efeitos especiais e banda sonora. Por isso mesmo, ganhou nessas categorias, para além do óscar para "Melhor Fotografia". Em termos de argumento, saímos do cinema com a sensação que já vimos aquela história de uma civilização perfeita cujos humanos malévolos querem destruir demasiadas vezes. Nesta categoria, mantive a minha esperança, até ao final, de ver Sacanas Sem Lei triunfar. Embora o seu tema principal, a Segunda Guerra Mundial, já esteja saturado de filmes, o filme traz novidade ao inserir um maravilhoso humor negro, recontando a “história da História” – como sempre, Tarantino continua a demonstrar o seu valor. Certamente merecedor das suas nomeações, acaba representado pela magnífica interpretação de Christoph Waltz, vencedor do prémio de "Melhor Actor Secundário".
Aplauso também para Precious, que vence o prémio de “Melhor Argumento Adaptado”, para além de “Melhor Actriz Secundária”, levado para casa por Mo`nique. Não esquecer Up – Altamente, que vence nas categorias de “Melhor Filme de Animação”e “Melhor Banda Sonora”.
A Academia implementou este ano novas medidas, na tentativa de atrair um público mais jovem, e trazer dinamismo e energia ao espectáculo. Estas ideias são certamente compreensíveis, de ano para ano torna-se evidente a perda de audiências. Contudo, o espectáculo perde muito com isto. Cresci a ver os Óscares, sempre interpretando este acontecimento como a reunião dos “grandes”. Ver certas entregas de prémio foi certamente uma desilusão, contudo nada tão descabido como o limite de 45 segundos para cada discurso. Obviamente, muito fica por dizer, e a emoção dos discursos esvai-se pelo auxiliar a mandar “acelerar”. Logicamente, foi dada tolerância aos discursos de "Melhor Actor Principal", ganho por Jeff Bridges (Crazy Heart), e "Melhor Actriz Principal", vencido por Sandra Bullock (The Blind Side). Infelizmente, vimos também discursos parados a meio, quase saindo “arrastados” do palco. Faço ainda o reparo que, apesar das boas intenções da Academia, em algumas categorias era completamente desnecessário as nomeações de alguns filmes. Apesar de a ideia ser alargar oportunidades a filmes por vezes “menosprezados”, a determinada altura, certos títulos, era óbvio… nunca estariam à altura de vencer.
Apesar destes aspectos, saúdo a Academia por mais um maravilhoso espectáculo. Resta-me ver Estado de Guerra, e esperar que ele esteja à altura dos prémios que venceu.
Outros vencedores:
"Melhor filme estrangeiro" - El Secreto De Sus Ojos
"Melhor documentário" - The Cove
"Melhor curta-metragem" - The New Tenants
"Melhor curta-metragem de animação" - Logorama
"Melhor curta-metragem documental" - Music by Prudence
"Melhor caracterização" - Star Trek
"Melhor guarda-roupa" - The Young Victoria
"Melhor canção" - «The Weary Kind», de Crazy Heart
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