Tão bom que é mau
Portugal de Olhos em Bico, a nova aposta da TVI para o final de tarde de domingo, é tão mau, tão absurdo e tão ridículo que chega a ter graça. José Pedro Vasconcelos fala mal português, mas tem piada e sentido de timing humorístico. Yoshi e Mr. Fu, os japoneses que co-apresentam o programa, são provavelmente os dois maiores cromos da história recente da nossa televisão. E os jogos são tão desconchavados e paradoxais que quase parecem mentira.
No Japão, concursos assim são sinal do declínio de uma sociedade que perdeu a capacidade de divertir-se e precisa urgentemente de libertar a energia contida que poderá levá-la ao suicídio (ou à implosão). Aqui, pode perfeitamente ser uma espécie de toque a reunir contra o último degrau de um declínio semelhante, com epicentro precisamente na televi-são. Bem vistas as coisas, este podia ser o mais importante programa da TV nacional desde Big Brother.
O problema é que se dinamita a si próprio quando, lá pelo meio, se permite um segmento de "perguntas de cultura geral". Por alguma razão disparatada, todos os concurso da televisão portuguesa têm de ter um. Só que uma série de pessoas dizendo que não fazem "a mínima ideia" de qual é a capital do Japão ou que nove vezes nove são "quarenta e nove" não é a televisão a rir-se de si própria: é a televisão a rir-se do País. E isso já nós tínhamos antes, de resto sem grandes resultados práticos.
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