16 de maio de 2011

Fecho


Em fecho, esta noite, mais uma crónica de Joel Neto retirada do Diário de Notícias.

Vermelho e verde

1. O argumento de Jorge Lacão sobre a necessidade da manutenção de publicidade na RTP, agora como meio de combate ao défice do Estado, tem algo de risível. No fundo, a mensagem que o ministro da tutela pretende de repente fazer passar é a de que a estação pública de televisão, que há décadas vilipendia o Orçamento do Estado e depois ainda dá prejuízo, virou de repente uma empresa com capacidade para não onerar as contas públicas e, ainda por cima, dar lucro. Um absurdo. De resto, só discute a publicidade na RTP quem não tem a mínima noção, nem da dimensão da nossa estação pública, nem das urgências da chamada consolidação orçamental. Aquilo de que a RTP precisa (porque a concorrência leal precisa e porque Portugal precisa também) não é de deixar de emitir publicidade, mas de ser reduzida à sua justa dimensão. O canal 1 tem de continuar a ter publicidade. O que o canal 1 não pode é continuar a ser um canal público. E isso não tem nada que ver com "desmantelar o serviço público de televisão", como lhe chama Jorge Lacão. Se a RTP fez nos últimos anos um nadinha mais de serviço público do que a SIC e a TVI, foi por vergonha. De resto, estão lá a RTP2, a RTPN, os dois canais regionais e a RTP Interna-cional para garantir o serviço público necessário.

2. O AXN escolheu a melhor maneira de lançar-se em Portugal. Boardwalk Empire, garante a melhor crítica internacional, é um estrondo. Num contexto em que a própria FOX se prepara para suspender uma data de séries importantes (Lie to Me, Traffic Light, etc., etc.), ter de repente acesso a uma saga lançada por Martin Scorcese, com Steve Buscemi como protagonista, é um oásis de esperança.

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