5 de maio de 2011

Fecho



Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.

Dez anos depois

O abate de Ussama ben Laden trouxe à luz do dia uma evidência incontornável: os dez anos que mediaram o início e o fim da perseguição ao fundador da Al-Qaeda foram suficientes para transformar o perfil da produção, da distribuição e do consumo de notícias, o que por sua vez transformou as notícias elas próprias.

Há dez anos vivíamos o tempo das estações noticiosas - e todos nós pudemos assistir em directo, assim que nos demos conta da ocorrência, ao fumo saindo das Torres Gémeas, aos executivos atirando-se das janelas das Torres Gémeas, às Torres Gémeas colapsando e, algumas horas depois, ao presidente Bush discursando sobre as Torres Gémeas.

Agora vivemos o tempo das redes sociais - e todos fomos avisados antecipadamente de que Barack Obama ia falar de imediato e durante quase dez minutos, acabando por assistir em directo ao acontecimento desde o seu início.
 

O que se ganhou em dez anos não foi mais do que aquilo: os trinta, vinte, mesmo dez minutos que antes mediavam entre um facto e a sua tomada de consciência por parte da população ocidental.
Acontece que esses trinta, vinte, mesmo dez minutos são quase tudo. Porque o público os exigia e porque, sem eles, jamais um cidadão anónimo podia sentir-se, como se sente hoje, uma testemunha ocular da história, quase um protagonista dela.

E, se porventura a alguém parecer que quem perdeu com isto foram as estações noticiosas, pois talvez deva pensar melhor.
É verdade que os modelos de negócio dos media online ainda não estão devidamente construídos. Mas, ontem, continuavam a ser as estações noticiosas a munir as redes sociais e a blogosfera de imagens. E isso vale dinheiro.

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