Fecho

Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.

Chorões e papalvos

1. Houve um dia em que Pedro Granger pôs os pés à parede e disse na TVI: "Não quero mais ser um chorão. Arranjem-me lá outras personagens, mas eu estou farto de chorar nas novelas." A coisa deu os seus frutos. Em Sedução, Granger não chora, faz chorar. Vilão sem escrúpulos, o actor interpreta, enfim, uma personagem diferente, que não morre de amores. Acho que Diogo Morgado bem podia seguir as pisadas de Granger e, também ele, pôr os pés à parede na SIC. Depois de Podia Acabar o Mundo, em que chorava desalmadamente, ver Morgado em Laços de Sangue até dá vontade de chorar, tamanho o sofrimento, feito de avanços e recuos, na trama da novela. Ambos na casa dos 30, Granger e Morgado estão no lote dos melhores da sua geração. Mas o seu crescimento enquanto actores depende muito da versatilidade das personagens que interpretarem.

2. Houve um tempo, não muito distante, em que uma "estreia" era uma estreia e que o "final" era um final. Hoje já não é assim: os conceitos banalizaram-se até ao absurdo. Primeiro foi a lógica dos "últimos episódios" das novelas, que antigamente eram anunciados a uma semana do fim da história. Hoje há "últimos episódios" durante três semanas ou um mês.

Depois foi a moda da "antestreia". Ou seja, uma chico-espertice para confundir a concorrência, antecipando-se a estreia um dia e utilizando o eufemismo antestreia para dar nome a uma manobra de contraprogramação.

Agora são as finais dos concursos. O espectador, ignorante com certeza, pensa que, se a final é hoje, o programa já não dá amanhã. Mentira, dá amanhã, dá. Só se muda o nome para "Finalíssima" ou "Consagração" e lá estão todos outra vez a tomarem-nos por papalvos.