A televisão portuguesa vive por estes dias um frenesi informativo que, sejamos francos, não tem só a ver com o momento político, económico e financeiro que vivemos. Com as mudanças nas cúpulas informativas da TVI e da RTP, há uma espécie de duelo mediático, a que a SIC se viu obrigada a entrar para não ficar fora de jogo, que, mais do que interesse real do País, tem a ver com uma espécie de combate mano a mano: "Espelho meu, espelho meu, quem tem informação mais relevante do que eu?"
Vamos lá ver se nos entendemos: a demissão do Governo de Sócrates e a entrada do FMI e do Fundo de Estabilização Financeira em Portugal preocupam os portugueses. Saber se vai haver mais despedimentos na função pública, se vamos ter subsídios de férias ou 13.º mês, se os impostos vão aumentar, é um assunto que, naturalmente, preocupa, e muito, os portugueses. Mas, atenção, não conheço ninguém neste país que tenha a vida em suspenso por causa do que aí vem. Quem a tem em suspenso já a tinha antes da demissão de Sócrates.
Os próximos dois meses serão, pois, tempo de overdose informativa. Agora é o FMI, depois vem a pré-campanha e o FMI, depois vem a campanha e o FMI, depois serão as eleições e o FMI. Lá para Julho serão as férias e o FMI, em Agosto, o início do campeonato e o FMI, em Setembro o regresso às aulas e o FMI.
Basta andar pelo País, pelos centros comerciais, pelos hotéis esgotados no Algarve para a Páscoa, pelos restaurantes, pelo Bairro Alto à sexta e sábado à noite, pelas discotecas da moda ao fim-de-semana, para perceber que, apesar do FMI, os portugueses continuam a gastar dinheiro e, portanto, a ter dinheiro para gastar. Pode perguntar-se até quando, mas lá que têm, têm...
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