8 de abril de 2011

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.


Liberalismo na gaveta?

Fernando Negrão recebeu na Assembleia da República representantes dos 14 sindicatos da RTP e, no final do encontro, estes manifestaram a sua satisfação perante a abertura do deputado do PSD (e, julga-se, do projecto de Governo social-democrata) para com uma eventual manutenção do estatuto público da estação. Os jornais chamaram-lhe "receptividade" - e Fernando Andrade, um dos delegados sindicais presentes, sentiu-se mesmo à vontade para pronunciar esta frase: "[Negrão] reconheceu que tinha sido benéfico ouvir-nos antes da audição do presidente da administração da RTP."


Já aqui o escrevera há um par de meses: assim que chegasse ao poder, e por muito que houvesse feito cavalo de batalha eleitoral da privatização da RTP, Passos Coelho arrumaria a ideia na gaveta. Era questão de encontrar o argumento certo, não mais - e agora até há esse de a estação pública de televisão não custar mais de dez cêntimos por dia a cada português (como se isso, aliás, não fosse uma escandalosa fortuna). Veremos o que acontece.


Para já, faço questão de dizer que estou atento e que vou cobrar - e que, como eu, outros estão atentos e vão cobrar.


O problema da RTP, insisto, começa na sobrecarga do erário público e prolonga-se no despesismo, mas não se extingue aí. A existência da RTP nestes moldes, com esta dimensão e com estas prerrogativas, esmaga o desenvolvimento da televisão privada e o normal funcionamento da economia do sector.


Independentemente dos dilemas filosóficos que representam o domínio da comunicação de massas pelo Estado num país fundamentalmente liberal (e em breve, supostamente, mais liberal ainda), não é isto, de certeza, que Passos Coelho tem vindo a prometer.


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