Fecho

Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.

Incoerência, claro...

Ainda há uma semana, o DN divulgou em primeira mão a ideia de Júlia Pinheiro, para o seu novo programa na SIC, de explorar o filão cor-de-rosa das revistas de coração, com recurso a paparazzi atrás de figuras públicas. A ideia é colocar na TV os assuntos mundanos, que, a crer nas audiências e vendas do segmento de TV e social em Portugal, interessam a um crescente número de portugueses. As estrelas de televisão querem, pois, aproveitar o que sempre qualificaram como desprezível jornalismo das revistas cor-de-rosa, para, pasme-se!, fazer o mesmo.

A TVI, aparentemente, antecipou-se e ainda ontem o Você na TV! lá trouxe uns vídeos-paparazzi de figuras públicas, assinados por Flávio Furtado, colaborador do programa e, ele próprio, feito na escola do jornalismo da imprensa dita de coração.

Nada contra. O caso de Flávio não me choca nada, até porque ele nunca disse cobras e lagartos deste tipo de prática. Fê-lo quando teve de ser, enquanto jornalista, e beneficiou dele no que toca a exposição mediática, quando esteve do outro lado da barricada. O que me espanta é que, de repente, toda a gente ache graça à prática, como se a televisão, por si só, fosse uma espécie de legitimização social de uma prática que as figuras públicas repudiam.

Será que vamos ver as ditas figuras públicas a processar, a partir de agora , a TVI e a SIC, quando forem apanhadas na sua vida privada, mesmo que em sítios públicos? Será que Júlia Pinheiro se incomodará quando voltar a ser ela a vítima da curiosidade jornalística? E Goucha, que sempre teve o cuidado de proteger com elegância a sua vida privada, sente-se confortável com a prática no seu programa?

Em nome das audiências, já nos habituámos, vale tudo. Se não os podes combater, junta-te a eles...