13 de fevereiro de 2011

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.


O discurso político

José Sócrates, Paulo Portas e Francisco Louçã foram ontem os grandes protagonistas do debate na Assembleia da República entre o Governo e a oposição. É natural. Os três são velhos conhecidos e estão seguramente no lote dos melhores tribunos que, nos dias que correm, por ali andam. E nisso, reconheça--se, são muito bons. É comum recordar grandes parlamentares como Mário Soares, Eurico de Melo, Luís Sá, Adriano Moreira ou Lucas Pires. Eles eram os melhores, é verdade, mas os tempos são outros. Hoje, cada um dos deputados que estão no hemiciclo durante os debates quinzenais sabe que está em directo para o País que o quer ver. A mediatização do discurso político, quer através do Canal Parlamento quer através da chegada dos canais informativos do cabo, com a SIC Notícias à cabeça, alterou por completo a natureza do discurso político. Basta um olhar atento durante escassos minutos: os sound bites são estudados claramente, porque os deputados sabem que, da espuma da discussão, sairá a frase que abrirá os telejornais à noite. Ao olhar dos jornalistas e das câmaras não escapará um coelho tirado da cartola, pelo que qualquer deputado sabe que um esgar, um olhar de revolta, um sorriso maroto, uma piada dita em surdina podem valer-lhe exposição pública.


Nesta aldeia global teorizada por McLuhan, o meio é a mensagem. Os debates parlamentares provam como o filósofo tinha razão. À saída do debate, o líder de bancada do PSD, Miguel Macedo responde dez vezes à mesma pergunta elaborada pelos jornalistas de forma diferente. Todos à espera de uma escorregadela. Mas o político, experiente, não abriu o jogo. Assim passaram cinco minutos nesta nova dialéctica entre jornalistas e políticos.


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