5 de fevereiro de 2011

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.


Peso pesado

A notícia de que Nicolau Breyner vai ter um talk show na RTP1 a partir do dia 25 é uma excelente notícia. Para ele, para quem gosta de programas inteligentes e para a própria televisão. Há muito que defendo que a televisão portuguesa perdeu memória. É estranho dizer isto quando olho para o bilhete de identidade e verifico que ainda nem cheguei aos 40 anos. Mas é verdade: na voracidade dos dias que correm, a televisão generalista, por culpa das privadas, claro, tornou-se uma corrida horizontal, em que a uma novela se contrapõe uma novela, a um concurso, um concurso e a um talk show... um talk show. É, pois, neste cenário que vivemos: tudo o que é diferente e genuíno vem do estrangeiro ou está no cabo. E é por isso que faz sentido saudar a RTP. É lá que, por estes dias, é possível ver algo de novo, diferente da norma.

Nicolau Breyner é um dos nossos melhores. Um dos nossos melhores actores, um dos nossos melhores artistas, um dos nossos melhores conversadores, um dos nossos melhores comunicadores. Um homem cheio, rico, vivido, culto, capaz de desconstruir um discurso e brincar com as palavras de uma forma tão encantadora que nos prende ao ecrã. Ora, um homem como estes (tal como Joaquim Letria, ou, no passado, Raul Solnado, Henrique Mendes, Fialho Gouveia) não pode estar fora da televisão, não pode estar fora das nossas vidas.

Até pode acontecer que Nico à Noite venha a ser esmagado por uma novela, por um concurso ou por um programa de cantorias. É a lei da vida e da concorrência. A RTP, como operador de serviço público, tem obrigação de promover esse combate. Mesmo que o perca, ganhará sempre. E isso faz toda a diferença.

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