29 de janeiro de 2011

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.

Eu pecador me confesso

Falei antes do tempo, é o que é. Ainda há meia dúzia de dias aqui confessei que me absteria de ver a noite eleitoral. Pois bem, pequei. Fui fraco. Na hora certa, não resisti. Recusei um convite para jantar fora e a alternativa cinematográfica que me foi apresentada. Vacilei. Disse que sim e depois que não. Invoquei o frio para não sair de casa, mas foi cobardia, confesso-vos. Não tive coragem de admitir a minha fraqueza. O que eu queria mesmo era ver a noite eleitoral. "Vou só ver um bocadinho, prometo", disse, à laia de justificação, lá em casa. E fui ficando, ficando. O homem é um animal de hábitos e eu fiquei refém dos meus. Sempre de comando na mão, saltando de canal em canal.



E o que vi eu? Vi uma RTP1 globalmente muito melhor, apesar da persistência daquele cenário medonho, virtual e moderno, é certo, mas com tanto ruído que eu não sabia se havia de olhar para o iPad de José Alberto Carvalho se para o quadro de Mário Soares imortalizado por Júlio Pomar. Vi António Vitorino e Rui Rio a fazerem a mais racional e interessante análise aos resultados - ter apenas dois comentadores em estúdio numa noite em que as interrupções são mais que muitas, revelou-se uma decisão acerta- da. Vi as três televisões falharem a declaração de Manuel Alegre (como é possível, ninguém do staff ter dito ao candidato que as televisões estavam em intervalo?). Vi o mesmo Alegre a irritar-se com o jornalista da SIC ("Oh, José Manuel Mestre, essa pergunta é muito deselegante") por causa de uma pertinente, mas incómoda, questão. Vi um Júlio Magalhães, one man show, seguro, mas a gritar. Vi a TVI a potenciar bem o seu senador e a deixar Marcelo Rebelo de Sousa para o comentário final. No final, vi tudo sem surpresas. Ganhou quem já se esperava que ganhasse: Cavaco e a RTP1.

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